"O Brexit consumado seria terrível, era o adeus à Europa." Foi o que defendeu esta terça-feira Tony Blair, antigo primeiro-ministro britânico, no segundo dia da Web Summit, que decorre em Lisboa até à próxima quinta-feira.
Mostrando-se mais do que cético em relação ao processo de saída do Reino Unido da União Europeia, cujo prazo foi novamente adiado, desta feita para 31 de janeiro, Blair disse que não arrisca previsões sobre as eleições de 12 de dezembro no país.
Referindo que a vitória do Brexit no referendo de 2016 "foi um grito de revolta contra o poder político e contra a pressão da emigração", o antigo chefe do Governo britânico confessou que não antecipava esse resultado. Mas bem vistas as coisas, também não previu a eleição de Donald Trump como Presidente dos EUA no mesmo ano do referendo.
A tirada arrancou gargalhadas à plateia repleta que o ouvia, com Blair a explicar que é por isso que não se atreve a tentar antever os resultados das próximas eleições, num braço-de-ferro entre trabalhistas e conservadores, onde se misturam os que são a favor e contra o Brexit, numa miríade de partidos, movimentos e regiões.
Blair fez ainda questão de esclarecer que não defende a suspensão do artigo 50.º do Tratado de Lisboa, ativado pela então primeira-ministra britânica, Theresa May, para dar início ao processo de saída, da mesma forma que não defende que o referendo de 2016 seja revogado.
Contudo, defende uma nova consulta popular e não entende por que razão continua sem se realizar. "As pessoas agora estão mais bem informadas", rematou.
Ainda sobre o Brexit, o antigo governante frisou que a saída do Reino Unido do bloco comunitário terá muito mais repercussões do que aparenta à primeira vista.
Blair antevê um mundo dominado por três grandes gigantes: Estados Unidos, China e provavelmente a Índia. Os restantes, concretizou, são pequenas economias de países que, em particular na Europa, estão pouco povoados.
"Quando chegar a hora de negociar com esses blocos, ou estamos juntos ou não valemos nada."