Trabalhar quatro dias aumenta a produtividade e ajuda a reduzir o stress
25-02-2019 - 06:32
 • André Rodrigues , Paulo Teixeira (sonorização)

Conclusões de um estudo da universidade de Wellington, na Nova Zelândia, que decidiu estudar a experiência realizada numa empresa de aconselhamento em investimentos filantrópicos.

A Perpetual Guardian, uma empresa que se dedica a aconselhar os filantropos na hora de aplicar as suas fortunas, aderiu à semana dos quatro dias. Mas os funcionários recebem o equivalente a cinco dias de salário. A jornada de trabalho é de 8 horas por dia.

Tudo começou com uma experiência entre março e abril de 2018 e o sucesso é reconhecido pelo próprio diretor desta empresa. Andrew Barnes diz que, no início, toda a gente perguntava 'como é que eu vou trabalhar quatro dias em vez de cinco?'.

Na verdade, os funcionários receavam que um dia a menos no escritório atrasasse os processos e amontoasse trabalho em pilhas e pilhas que depois necessitariam de ser tratadas à pressa. Mas não.

À medida que a experiência foi decorrendo, os funcionários da Perpetual Guardian chegaram à conclusão de que, não só conseguiam fazer tudo em quatro dias, como ainda por cima obtinham mais 20% de produtividade e uma redução dos níveis de stress de 45% para 36%.

E ganhos geram ganhos em cadeia: aumento dos lucros da empresa, trabalhadores mais felizes, mais motivados para produzir melhor em menos tempo, conseguindo um objetivo que, por vezes, parece inalcançável nas organizações que conhecemos.

E até o equilíbrio entre as vidas profissional e familiar está quantificado: os funcionários da Perpetual Guardian conseguiram um ganho de 54% para 78%.

É tudo uma questão de sermos crescidinhos, ou como diz uma das funcionárias desta empresa neozelandesa, "se formos tratados como adultos, vamos todos agir como adultos, trabalhando menos, é certo, mas mais concentrados nas nossas tarefas, sabendo que no final do dia, todos saímos a ganhar".

Eventualmente, o futuro terá mesmo de passar por isto. Caso contrário, poderá ser mais difícil responder à automação de processos, à utilização de robots e inteligência artificial. A entrada da máquina não tem de significar a saída de cena do trabalhador humano. Há ajustamentos a fazer, mas todos podem beneficiar.

E por mais chavão que isto pareça, as coisas não caem do céu. Desde logo, a mudança de mentalidades. A começar pelos empregadores.

Há sinais positivos. No Reino Unido, a Wellcome Trust, que é uma organização sem fins lucrativos da área biomédica, gostou tanto desta semana dos quatro dias que se prepara para a aplicar aos seus 800 funcionários.

Era uma ideia a pensar por cá. Os números ajudam a perceber: de acordo com o relatório mundial da US News sobre condições de vida em 80 países, Portugal tem um Produto Interno Bruto estimado de 217,6 biliões de dólares e aparece na 25.ª posição do ranking. Desceu um lugar.

A Nova Zelândia uma riqueza interna estimada em cerca de 206 biliões de dólares, mas com menos de metade de população portuguesa e uma distribuição do Produto Interno Bruto per capita muito mais equilibrada. O país nos antípodas de Portugal surge em 12.º lugar neste ranking de 80 países.