A comissão independente entregou, esta quinta-feira, uma lista com 17 alegados abusadores sexuais de crianças e menores em institutos religiosos.
A informação foi avançada em comunicado pela assembleia geral da Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal (CIRP).
Nas listas hoje entregues estão apontados 17 alegados abusadores em 10 Institutos de Vida Consagrada.
Dez alegados abusadores já morreram, dois estão no ativo, quatro já não estão no ativo e um nome é desconhecido.
Um dos alegados abusadores no ativo pertence às Irmãs Reparadoras de Nossa Senhora de Fátima e outro à Ordem dos Frades Menores (Capuchinhos).
Dois suspeitos não ativos e não vinculados ao instituto eram dos Irmãos Maristas, um falecido nos Missionários da Consolata, dois falecidos e um não ativo na Ordem dos Frades Menores (Franciscanos), um não ativo na Ordem Hospitaleira de São João de Deus, quatro falecidos na Província Portuguesa da Companhia de Jesus (Jesuítas), um colaborador leigo falecido nas Religiosas do Coração de Maria, um falecido nos Sacerdotes do Coração de Jesus (Dehonianos) e um falecido e um desconhecido nos Salesianos.
"A informação recebida será analisada por cada um dos Superiores Maiores, para uma adequada identificação dos alegados abusadores e das situações em que ocorreu o alegado abuso, de forma que seja possível tomar as medidas civis e canónicas previstas para estes casos", refere a CIRP, em comunicado enviado à Renascença.
A assembleia geral da Conferência dos Institutos Religiosos de Portugal manifesta a sua "nossa profunda gratidão a todas as pessoas vítimas que deram o seu doloroso testemunho, o qual permitiu trazer luz à realidade dos abusos de menores no seio da Igreja".
"Deixamos uma palavra de coragem àquelas que ainda não foram capazes de falar sobre os acontecimentos trágicos que tocaram as suas vidas, para que consigam denunciar o crime abjeto que sofreram. Estamos unidos ao seu sofrimento, dor e revolta e queremos, sincera e humildemente, pedir-lhes perdão pelos abusos de que foram vítimas nos nossos Institutos", sublinham os Institutos Religiosos.
A CIRP reafirma a "disponibilidade para acolher as vítimas que o desejem e garantir que não faltará o adequado apoio, seja ele psicológico, psiquiátrico, jurídico, financeiro ou espiritual, para a recuperação possível das feridas profundas que foram infligidas".
O coordenador da comissão que estudou os abusos sexuais de crianças na Igreja destacou esta quinta-feira, após ter entregado a lista de alegados abusadores em institutos religiosos, a “enorme disponibilidade” destas instituições para “construir o futuro de uma maneira diferente”.
“[Senti] muitíssima abertura, mais até do que a questão nominal em si, porque também sabemos que algumas destas pessoas já estão falecidas - claro que outras também estão no ativo. Mas [senti] sobretudo uma enorme disponibilidade para, perante erros do passado, construir o futuro de uma maneira diferente”, afirmou aos jornalistas Pedro Strecht, em Fátima.