António Costa mostrou-se irritado após a coordenadora do Bloco de Esquerda, Catarina Martins, ter questionado o seu envolvimento na atribuição de 40 milhões de euros de fundos do PRR à empresa de Mário Ferreira, "assessorada por um ex-assessor do primeiro-ministro”, Lacerda Machado.
A líder bloquista criticou qual é a “prioridade” que leva a quem uma empresa “investigada por branqueamento de capitais e fuga ao fisco” seja a maior beneficiária dos fundos do Banco de Fomento e quadruplicando os limites de financiamento do próprio banco.
“A minha intervenção foi zero, como muito bem a senhora deputada sabe”, afirmou o primeiro-ministro, mostrando-se indignado com a “pergunta insultuosa” de Catarina Martins.
O empresário Mário Ferreira foi constituído arguido no caso do negócio do navio Atlântida a 7 de julho, um dia depois de buscas feitas pelas autoridades na empresa Douro Azul. Uma semana depois, o Banco Português de Fomento divulgou a lista dos investimentos do Programa de Recapitalização Estratégica, criado no âmbito do Plano de Recuperação e Resiliência (PRR), para apoiar empresas afetadas pela pandemia.
De um montante total de 76,7 milhões de euros, 40 milhões (52%) terão como destino a Pluris Investment, do empresário Mário Ferreira. Uma das empresas do grupo Pluris Investments, detida através da Mysticinvest Holding, é a Douroazul, que adquiriu o navio Atlântida aos Estaleiros Navais de Viana do Castelo por cerca de 8,5 milhões de euros, tendo sido depois vendido por 17 milhões de euros.
Segundo informações divulgadas pela investigação Malta Files, Mário Ferreira terá utilizado empresas criadas naquele país para mediar a operação, com possíveis vantagens fiscais.