O líder do PS/Madeira, Paulo Cafôfo, desafiou, este sábado, o Presidente da República a convocar imediatamente eleições antecipadas de acordo com o legalmente estabelecido, insistindo que Marcelo Rebelo de Sousa não pode ter "dois pesos e duas medidas".
"Quero lançar o desafio a sua excelência, o Presidente da República: não espere mais. Anuncie imediatamente que irá convocar eleições antecipadas quando a lei o permitir e convoque eleições para a Assembleia Legislativa da Madeira", declarou Paulo Cafôfo.
O responsável socialista madeirense falava na conferência de imprensa para apresentação da candidatura do PS pelo círculo da Madeira às eleições antecipadas de 10 de março, que encabeça.
O desafio surge na sequência da investigação por corrupção desencadeada há três dias pelo Ministério Público e a Polícia Judiciária que resultou na constituição como arguido do presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque - que renunciou sexta-feira ao cargo - e na detenção do presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado, e de dois empresários ligados ao ramos da construção civil e turismo.
"Sei que o desafio será ouvido", sublinhou Cafôfo, argumentando que o Presidente da República "acompanha de perto o que se passa na política e na Região".
O líder socialista insular insistiu que Marcelo Rebelo de Sousa, pelo "paralelismo" da decisão que tomou numa situação semelhante, na sequência da investigação a membros do Governo da república, que o levou a convocar eleições antecipadas, tem de ser "coerente" e "não pode ter dois pesos e duas medidas".
"O PS exige que o povo seja soberano e os madeirenses devem escolher o próximo Governo [regional]. Nem que isso coloque o destino da região em banho-maria" e afete a discussão do Orçamento Regional agendado para começar a 06 de fevereiro.
Paulo Cafôfo acrescentou que "o presidente do Governo Regional tem de ser escolhido pelos madeirenses. Não pode ser escolhido por alguns militantes do PSD" da Madeira.
Também opinou que "a pior coisa que pode acontecer é permitir que fique tudo na mesma" depois desta situação, que, argumentou, mostrou que o regime da Madeira, liderado pelo PSD, "está podre".
Paulo Cafôfo criticou a deputada do PAN, Mónica Freitas, por manter o acordo de incidência parlamentar, considerando que o partido não está preocupado com a estabilidade e em travar o avanço da extrema-direita, mas "não quer é que haja eleições porque sabe que sairá da Assembleia Legislativa da Madeira".
Paulo Cafôfo destacou que não é só Miguel Albuquerque que "está irreversível e irremediavelmente sem a confiança dos madeirenses", é uma situação que se estende ao PSD/Madeira, adiantando que "ainda há muita coisa por saber".
Salientou, ainda, que o PS/Madeira "sempre denunciou, não de forma anónima, aquilo que se estava a passar na Madeira" e sustentou ser "altura de por fim a um regime que asfixia um povo e esta região".
O presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, foi constituído arguido num inquérito que investiga suspeitas de corrupção, abuso de poder, prevaricação, atentado ao Estado de direito, entre outros crimes.
O processo envolve também dois empresários e o presidente da Câmara do Funchal, Pedro Calado, os três detidos numa operação policial desencadeada a 24 de janeiro na Madeira e em várias cidades do continente.
Na segunda-feira, o PSD/Madeira vai reunir o conselho regional para escolher o nome de uma personalidade para liderar o executivo madeirense, até agora presidido por Miguel Albuquerque, à frente de uma coligação PSD/CDS, com o apoio parlamentar da deputada única do PAN, o que garante maioria absoluta ao Governo na Assembleia Legislativa.