"O SNS não está a cumprir a sua função"
03-11-2023 - 06:30
 • Ana Catarina André

São os mais pobres e os mais frágeis os mais penalizados com a atual crise na saúde, alerta Maria do Céu Patrão Neves, presidente do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida. Esta sexta-feira, este órgão consultivo independente organiza em Lisboa o seminário internacional "Uma Saúde, uma Ética".

A presidente do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida (CNECV), Maria do Céu Patrão Neves, considera que o “Serviço Nacional de Saúde [SNS] não está a cumprir a sua função”.

“É absolutamente urgente que todas as pessoas, que fazem parte deste mesmo serviço e que podem garantir o seu normal funcionamento, se reúnam, e dialoguem com honestidade, com boa vontade, com sentido de responsabilidade, no sentido de encontrar, o mais depressa possível, as respostas e as soluções necessárias para a população”, afirma a professora universitária, em declarações à Renascença.

Maria do Céu Patrão Neves sublinha que é “absolutamente prioritário” o reforço do SNS, numa altura em que vários serviços hospitalares têm encerrado, um pouco por todo o território.

“Sempre que temos falhas significativas ao nível do Serviço Nacional de Saúde é a população mais frágil, em situação de maior desfavorecimento social que se vê sem alternativas e, por isso, é aquela que é mais penalizada”, considera a presidente do CNECV.

Maria do Céu Patrão Neves alerta que “a ausência de um bom Serviço Nacional de Saúde agrava as dificuldades sociais”.

Saúde humana, saúde animal e ecossistemas

Esta sexta-feira, dia 3 de novembro, o Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida organiza, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa, o seminário internacional "Uma Saúde, uma Ética".

“É um encontro dedicado ao conceito 'one health', que se traduz por ‘saúde única’ ou ‘uma só saúde’, e que diz respeito à consciencialização da interdependência entre a saúde humana, a saúde animal, e os ecossistemas”, explica a presidente deste órgão consultivo independente.

“Se queremos defender a saúde humana, temos que compreender que a forma mais eficaz de o fazer é através desta conceção integrada”, diz Maria do Céu Patrão Neves, acrescentando que esta visão faz parte das orientações da Organização Mundial de Saúde (OMS).

Uma perspetiva que, segundo a Presidente do Conselho Nacional de Ética para as Ciências da Vida, permitirá combater um conjunto significativo de doenças.

“Através deste encontro, o Conselho Nacional de Ética vai procurar despertar consciências, desde a do cidadão comum à do legislador e do político. Há uma certeza de que, só por esta via, poderemos combater futuras epidemias e mesmo pandemias, que hoje se colocam no nosso horizonte não como possibilidade, mas quase como certeza.”