A região Centro já ultrapassou as linhas vermelhas no internamento de doentes com doença grave de Covid-19. Os especialistas temem cenários idênticos a janeiro deste ano. “Um grande aumento de incidência seguramente ocorrerá”, diz à Renascença o diretor do Serviço de Pneumologia dos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC).
“Com esta variante que vai estar em circulação e maioritariamente prevalente a breve prazo, corre-se o risco de, com o grande aumento de incidência que seguramente ocorrerá, possa haver também muitos doentes que vão precisar de internamento hospitalar”, avisa.
Certo é que a pressão no Centro do país já se sente, tendo já sido necessário transferir pessoas entre hospitais e abertas novas alas.
“Já se ultrapassaram etapas previstas duas vezes. Agora, foram ultrapassadas também na semana passada com a abertura de uma segunda unidade de um serviço clínico que teve de ceder instalações de enfermaria para disponibilizar o internamento destes doentes”, explica Carlos Robalo Cordeiro.
Preocupado, este pneumologista teme que o cenário vivido em janeiro deste ano se possa repetir e diz que, para o evitar, é preciso antecipar o problema e agir já.
“O que tem de se fazer é pensar que não podemos cometer os mesmos erros. Esta pandemia ensinou-nos claramente que nós devemos antecipar”, afirma à Renascença.
“É altura de olhar para isso e nós já temos essa lição de que tudo chega cá um pouco mais tarde”. Por isso, Carlos Robalo Cordeiro não põe de parte um novo confinamento. “Tudo tem de ser ponderado. As decisões são todas muito difíceis”, admite.
Segundo o diretor do Serviço de Pneumologia dos HUC, a maioria dos doentes internados com Covid-19 são pessoas não vacinadas. Por isso, o especialista apela à população que invista na inoculação, de modo a evitar situações graves.