A Conferência Episcopal afirma que o relatório sobre o processo sinodal, contestado nos últimos dias por vários sectores da Igreja, é um resumo daquilo que foi reportado pelas dioceses portugueses.
Em comunicado lido numa mensagem vídeo pelo porta-voz da CEP, padre Manuel Barbosa, a Conferência Episcopal, afirma que o documento não pretende ser um tratado sobre a Igreja.
“O Relatório da Igreja em Portugal sobre o processo sinodal preparado pela comissão para o efeito formada pela CEP faz parte do caminho sinodal em curso e procura reunir aquilo que foi reportado pelas dioceses, a partir dos grupos por elas constituídos, bem como de outras instituições e movimentos”, explica.
De acordo com o padre Manuel Barbosa, “não é um tratado sobre a Igreja no seu todo nem um juízo sobre a Igreja em Portugal. Trata-se de um resumo de quanto surgiu nas etapas diocesanas para continuar o caminho de reflexão e transformação que temos por diante”.
O Conselho Permanente da Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) esclarece que “é uma atitude de bom-senso escutar aquilo que surge do povo de Deus, nesta primeira etapa de participação, nas suas dimensões negativas, positivas e propositivas, para o caminho a fazer nas etapas seguintes”.
Os conteúdos do Relatório não foram inventados pela Comissão, mas encontram-se nos documentos das instâncias referidas. É importante ouvi-los, discerni-los, completá-los ou reformulá-los, mas não descartá-los.
De acordo com a mesma nota, os bispos portugueses referem que terão ocasião de refletir sobre este documento e outras achegas que foram chegando, em atitude de discernimento comum, procurando escutar a voz do Espírito e da Igreja em Portugal, tendo como objetivo a transformação pessoal e comunitária de atitudes, instituições e processos.
“As dioceses devem continuar igualmente o seu discernimento nesta linha espiritual, fraterna, prática e de conversão”, lê-se no documento.
O Conselho Permanente recorda ainda os “critérios que presidem a todo o processo”: “Escuta da Palavra de Deus e oração pessoal e comum para nos abrirmos aos critérios do Espírito; abertura para escutar os irmãos e irmãs segundo a função que cada um/uma tem na Igreja”.
“Assim seremos guiados pelo Espírito para encontrar caminhos de comunhão, transformação e missão, em cada comunidade e diocese, abertos ao discernimento e orientação que deverá incluir necessariamente a Conferência Episcopal de cada país, as Conferências continentais e a Assembleia geral do Sínodo dos Bispos com representantes de toda a Igreja em outubro de 2023”, acrescenta o comunicado.
O ‘Relatório de Portugal’ para a Assembleia do Sínodo dos Bispos sobre a Sinodalidade – que vai decorrer em outubro de 2023 – é uma síntese nacional do trabalho que nos últimos meses passou pelas paróquias e movimentos de todo o país. Em cada diocese foi elaborado um documento resumo com o contributo dos católicos que participaram neste processo inédito de consulta, mas o documento que a Conferência Episcopal Portuguesa (CEP) preparou, e que divulgou a 26 de agosto, tem vindo a ser contestado.
No comunicado enviado às redações, a CEP adianta ainda que reuniu com a Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais, presidida por Pedro Strecht, e com o Grupo de Investigação Histórica sobre os arquivos das dioceses e das congregações religiosa, e refere que a Comissão Independente concluirá o relatório em finais de dezembro. A divulgação pública do trabalho está prevista para meados de janeiro de 2023.