Uma equipa de cientistas liderada pela investigadora portuguesa Carla Ribeiro, do Academic Medical Center, conseguiu desvendar o funcionamento do mecanismo das células resistentes ao HIV.
“Descobrimos que o HIV nas células [resistentes, conhecidas como langerhans] pode ser destruído por um mecanismo chamado autofagia. Portanto, este mecanismo ocorre naturalmente em muitas células e é importante por exemplo para a destruição de determinados complementos celulares dentro da célula. Mas também pode ser usado para a destruição de micróbios como o HIV. Há uma proteína, TRIM5α, que é responsável pela activação do processo de autofagia”, explicou a cientista em declarações à Renascença.
As células de langerhans “são capazes de reconhecer micróbios nos locais de entrada, no caso do HIV após o contacto sexual”, e formam uma resposta imunitária aos micróbios.
Existem outras células que são alvos do vírus, mas são ”facilmente infectadas e, por isso, não conseguem dar uma resposta muito eficiente contra o HIV”, acrescenta a investigadora.
As langerhans fazem parte do sistema imunitário do corpo humano e conseguem destruir o vírus após o contacto sexual.
Para Carla Ribeiro, o próximo passo na investigação do HIV é perceber como é que este processo de resistência pode ser activado noutras células do corpo humano, que são facilmente infectadas pelo vírus. Apesar da descoberta, a investigadora confessa que é necessário “mais investigação” sobre o HIV.
Segundo um relatório da ONU, o número de pessoas infectadas pelo HIV que estão a tomar medicamentos anti-retrovirais duplicou em apenas cinco anos, mas há uma grande taxa de infecção entre mulheres jovens, sobretudo as africanas.
"Em Junho de 2016, cerca de 18,2 milhões de pessoas tiveram acesso aos medicamentos que salvam vidas, incluindo 910 mil crianças, o dobro do número em relação há cinco anos", indica o documento do Programa Conjunto das Nações Unidas para o VIH/SIDA (ONUSIDA), intitulado "Get on the Fast-Track: the life-cycle approach to HIV" e publicado este mês.
Em 2015, mais de 7500 adolescentes e mulheres jovens foram infectadas com VIH, por semana, em todo o mundo.