O BE repudiou esta quarta-feira o "ataque ignóbil" contra o secretário-geral da ONU e saudou a sua coragem ao apelar a um cessar-fogo e ao respeito pelo direito internacional, propondo que o parlamento lhe manifeste solidariedade.
Em declarações aos jornalistas no parlamento, o líder parlamentar do BE, Pedro Filipe Soares, criticou "o ataque ignóbil que está a ser feito contra António Guterres" e manifestou "toda a solidariedade" para com o secretário-geral da Organização das Nações Unidas (ONU).
"Acreditamos que, neste momento, é essencial, do ponto de vista da política externa, o Estado português declarar apoio à Carta das Nações Unidas, à ONU, a António Guterres", referiu.
O BE apresentou um projeto de voto de solidariedade para com o secretário-geral da ONU em que se lê que, "apesar de não reclamar nada mais do que o fim da violência sobre civis, apesar de não exigir nada mais do que a cessação de crimes de guerra, António Guterres tem sido violentamente atacado".
Para o BE, "há momentos em que exigir a paz e o respeito pelo direito internacional é um exercício de coragem, em que exigir ajuda humanitária e o cessar-fogo é um exercício de coragem".
"António Guterres tem tido essa coragem. Merece a nossa solidariedade perante os ataques violentos de que tem sido alvo por parte do Governo de Israel", lê-se no projeto de voto.
O partido propõe que o parlamento se solidarize com António Guterres, "repudiando os ataques de que tem sido alvo por parte de Israel", e sublinhe a "necessidade de um cessar-fogo na região, de acesso à ajuda humanitária e de condenação dos crimes de guerra".
O BE sugere ainda que a Assembleia da República peça a Israel para "não barrar a entrada de representantes e funcionários da ONU e a não vedar o seu acesso a Gaza e à Cisjordânia".
Nas declarações aos jornalistas, Pedro Filipe Soares disse ter ficado "chocado" que dois partidos parlamentares - referindo-se ao Chega e à IL - tenham vindo "colocar-se contra a ONU e contra António Guterres", salientando que, até agora, o parlamento tem sido "sempre unânime na subscrição da Carta das Nações Unidas".
"Se é uma questão de política interna, é incompreensível, porque não se deve misturar coisas que estão em patamares diferentes. Se é uma escolha estrutural no que toca ao relacionamento com a ONU, com a Carta das Nações Unidas, para nós é deveras preocupante", afirmou.