O recente tumulto na Cazaquistão, dominado com o auxílio da Rússia, trouxe para a atualidade as cinco repúblicas da Ásia Central que eram parte integrante da União Soviética. A maior dessas repúblicas, o Cazaquistão, tem um território quase do tamanho da Europa – um país enorme.
O Cazaquistão tem grandes reservas de petróleo e gás natural; e é o maior produtor mundial de urânio. O Turquemenistão possui muito gás natural. Também o Uzbequistão tem gás, além de algodão. No Quirgistão uma só mina de ouro representa 10% do produto nacional. E o Tajiquistão, vizinho do Afeganistão, tem características de um estado dominado pelo tráfico de droga.
Recolhi estas informações de um extenso artigo que o semanário “The Economist” dedicou à Ásia Central, que fazia parte da URSS e hoje conta com cinco estados independentes. Um dos problemas desses países relativamente recentes está em que as suas fronteiras foram definidas algo arbitrariamente por Moscovo.
Misturam-se ali as mais variadas etnias, sendo muçulmana a religião predominante. Só para dar um exemplo, vivem ali descendentes de cerca de 500 mil coreanos, deportados à força na década de 30 do século XX. E no Cazaquistão uma minoria de russos representa um quinto da população do país.
Não admira que não se possa falar em democracias em qualquer das cinco repúblicas ex-soviéticas. Quando muito, existem ali tentativas de modernizar o estado, tornando-o menos autoritário e despótico. Mas o trabalho forçado existiu nos campos de algodão do Uzbequistão até há poucos anos.
Putin pretende restabelecer a influência da Rússia naqueles países, o que não irá naturalmente contribuir para qualquer evolução democrática. Os regimes autoritários continuarão a prevalecer naquela vasta região. E é possível que estes vizinhos da Rússia e também da China criem alguns problemas a Putin, que talvez o levem a não se preocupar tanto com a Ucrânia.