O médico e investigador Sobrinho Simões considera que a greve dos enfermeiros é “injusta”. O protesto destes profissionais de saúde tem paralisado os blocos cirúrgicos em várias unidades hospitalares do país. “Não sei se é legal, sei que é injusto”, diz.
Em entrevista à Renascença, o fundador do Instituto de Patologia e Imunologia Molecular da Universidade do Porto reconhece o direito à greve, mas diz que eventuais benefícios para a classe dos enfermeiros são incomparavelmente menores ao transtorno a que estão sujeitos os doentes.
“Vejo com muito maus olhos um tipo de greve cirúrgica - no sentido de que é apanhar um grupo de gente que não são muitos, mas são suficientes para parar uma atividade fundamental. É desproporcionada, para mim, os benefícios que vão ter em relação aos prejuízos que estão a criar”, explica.
De acordo com a RTP, a partir das 8h00 desta quinta-feira, sete hospitais ficaram com os blocos operatórios praticamente paralisados. Os efeitos fazem sentir-se sobretudo na região norte. A paralisação mantém-se até ao fim do mês de fevereiro.
Sobrinho Simões diz que, neste quadro de greve cirúrgica, os mais desfavorecidos são os mais prejudicados.
“Acho que há claramente uma situação de desigualdade, de fazer criar sofrimento em relação a pessoas que estão fragilizadas. Ainda por cima na população portuguesa são sobretudo as pessoas menos favorecidas”, diz.
Para este especialista, uma das soluções poderia passar por aumentar “os mecanismos de diminuir o sofrimento que estão a criar, aumentando, por exemplo, os mecanismos que consideram a situação urgente”.
“Sempre que há uma situação que não sei se é urgente ou não, eu, na dúvida, devo considerá-la como urgente, para proteger o doente”, remata.