Milhares de alunos ficam esta quinta-feira em casa. A Câmara de Setúbal mandou encerrar todas as escolas, de todos os graus de ensino, no concelho face às recomendações da Direcção-Geral da Saúde devido à poluição provocada pelo incêndio na Sapec.
"A autarquia decidiu promover o fecho dos estabelecimentos de todos os graus de ensino com base nas declarações do director-geral da Saúde, Francisco George, proferidas em conferência de imprensa realizada no dia 15 de Fevereiro (quarta-feira), que apontam para a existência de riscos para a saúde humana devido ao incêndio nos armazéns de enxofre localizados na Península da Mitrena", informa a página oficial do município na internet.
"A autoridade sanitária aconselhou cuidados especiais à população, como evitar a permanência no exterior ou fazer esforços ao ar livre, em particular a alguns grupos, como crianças, idosos e portadores de doenças do foro respiratório ou cardíaco", justifica o município setubalense.
Os encarregados de educação de milhares de alunos e crianças que frequentam os infantários do concelho foram informados pelos estabelecimentos de ensino ao final da tarde e outros estão a ser informados da decisão do município por telefone.
O agrupamento de escolas de Azeitão, em nota colocada no site e enviada aos encarregados de educação, informa que a decisão de encerrar as quatro escolas básicas do 1.º ciclo e duas escolas básicas do 1.º ciclo com jardim de infância, "resulta do acidente nos armazéns da fábrica SAPEC e da mudança de direcção dos ventos poluídos com níveis elevados de dióxido de enxofre".
O incêndio que deflagrou na terça-feira de madrugada, num armazém da Sapec Agro, em Mitrena, foi controlado, mas as operações de rescaldo ainda continuam. No local estão 13 operacionais apoiados por mais de 10 viaturas, apurou a Renascença no local. Do fogo resultaram seis feridos ligeiros, que já tiveram alta hospitalar.
Potenciais riscos
Em conferência de imprensa realizada esta tarde, o Director-Geral de Saúde aconselhou os habitantes da península de Setúbal a protegerem-se devido a elevados níveis de dióxido de enxofre no ar, esclarecendo que crianças, idosos e doentes com problemas respiratórios crónicos ou cardiovasculares não devem sair de casa e fechar as janelas.
As recomendações surgem um dia depois de um incêndio num armazém de enxofre, numa fábrica em Setúbal. Mais de 24 horas depois do incêndio, continua a ser libertado dióxido de enxofre para a atmosfera, considerando Francisco George que as próximas 12 horas são as mais críticas.
A conferência de imprensa para informar dos "potenciais riscos para a saúde humana" decorrentes da nuvem tóxica na zona de Setúbal juntou além de Francisco George responsáveis da Direcção Geral e da Agência Portuguesa do Ambiente, da Protecção Civil, do INEM e do Instituto Português do Mar e da Atmosfera.
Os responsáveis disseram que a dificuldade em extinguir o incêndio e a mudança do vento levaram a que a nuvem não se dissipasse pelo que há "níveis elevados de dióxido de enxofre" no ar, embora até agora não tivesse sido comunicado qualquer caso de doença ou de sintomas derivados do problema.
Segundo o director-geral da Agência Portuguesa do Ambiente, Nuno Lacasta, a população tem de ser avisada quando no ar há mais de 500 microgramas de dióxido de enxofre por metro cúbico, sendo que, disse, esses valores foram superados e numa das estações de medição chegaram aos 900 microgramas.