A Organização Mundial de Turismo (OMT) considera que as leis anti-imigração do Presidente norte-americano, Donald Trump, não terão impacto a nível internacional, mas podem ser prejudiciais para os próprios Estados Unidos.
A posição foi assumida tanto pelo secretário-geral da OMT como pelo presidente do Conselho Mundial das Viagens e Turismo, que estiveram em Lisboa para diversas visitas e assinar um protocolo com o Governo no âmbito do Ano Internacional do Turismo Sustentável para o Desenvolvimento.
O turismo cresce a nível mundial e tem cada vez maior relevância na economia dos países, na criação de emprego, na cultura e no lazer. As pessoas viajam cada vez mais e, na opinião do secretário-geral da Organização Mundial de Turismo, Taleb Rifai, nada as vai impedir.
Nem as restrições à entrada nos Estados Unidos que o Presidente Trump impôs a cidadãos de diversos países de maioria muçulmana, alegadamente para travar atentados terroristas. A medida pode, inclusive, virar-se contra os Estados Unidos, afirma Taleb Rifai.
“As pessoas vão continuar a viajar de qualquer maneira. Tornou-se um modo de vida, tornou-se um direito. Por isso, a nível internacional não vai ter impacto. No entanto, acreditamos que se essas políticas de vistas muito curtas continuarem vão-se virar contra os Estados Unidos. Se construírem um muro vão isolar-se a si próprios, não os outros. Quando impedem as pessoas de virem ao vosso país, magoam-se mais do que as pessoas que são alvo destas medidas.”
O secretário-geral da Organização Mundial de Turismo dá como exemplo o que se passou depois do 11 de Setembro. Após algumas restrições e de ter perdido “centena de milhões de euros”, a administração americana teve que voltar atrás. Ainda assim, Taleb Rifai sublinha que as pessoas viajam para sítios onde se sentem confortáveis.
“As pessoas não vão aos Estados Unidos apenas porque não estão autorizadas, mas porque não vão a países em que não se sentem confortáveis. E se os Estados Unidos continuarem com esta política de se isolarem a eles próprios e de mandarem a mensagem de que os visitantes não são bem-vindos, por muito discriminatório que isso seja, as pessoas não vão. É a grande diferença que estas políticas vão fazer.”
Quem também não está a achar piada à decisão de Trump é a indústria privada do sector. O presidente do Conselho Mundial das Viagens e Turismo - que reúne o sector privado - diz que o Presidente americano criou uma enorme confusão.
David Scowsill lembra que, desde 2001, não houve atentados levados a cabo por pessoas que tentavam entrar nos Estados Unidos.
“Quando o Presidente Trump assinou aquela lei restritiva criou uma enorme confusão na indústria do turismo sobre quem pode viajar e quem não pode viajar. E vai completamente contra a nossa filosofia sobre a liberdade de viajar. O que acho interessante, da nossa perspectiva, é que desde o 11 de Setembro não houve um único atentado terrorista nos Estados Unidos perpetrado por alguém que tenha entrado no país para cometer uma atrocidade. Todos os incidentes foram domésticos. Por isso, da nossa perspectiva como sector privado, não estamos felizes com a ordem executiva de Trump e esperamos que seja alterada”, defende o presidente do Conselho Mundial das Viagens e Turismo.
O secretário-geral da Organização Mundial de Turismo esteve em Lisboa, onde assinou com a secretária de Estado do Turismo um protocolo no âmbito do Ano Internacional do Turismo Sustentável para o Desenvolvimento.
O programa Revive, de reabilitação de património com fins turísticos; os Portuguese Trails, caminhos pedestres, de bicicleta e a cavalo; e a criação de redes wi-fi em centros históricos vão ser apontados pela OMT como boas práticas para o turismo sustentável.