O padre Marcelo de Oliveira, missionário português na República Democrática do Congo, diz à Renascença que “a comunidade católica está empenhada e aguarda com grande esperança a visita do seu Pastor Universal”.
O administrador principal da Província dos Missionários Combonianos na República Democrática do Congo antevê que a visita papal irá "decerto, alterar a realidade deste país, porque, como Pastor que ama as suas ovelhas e que as vem visitar para as ajudar a viver a fé cristã, a fé católica, proporciona um momento de graça, um momento de encontro, um momento para que o Papa possa compreender de perto a realidade deste país”.
"O Papa visita a República Democrática do Congo não somente como Pastor da Igreja Católica Universal, mas visita-a também como Chefe de Estado”, pelo que "o governo congolês está empenhado em poder favorecer e poder facilitar tudo o que é necessário para acolher o Papa”.
“As medidas de segurança estão a ser reforçadas, sobretudo na capital", diz o padre Marcelo.
“Há um movimento do Governo para poder construir e arranjar os espaços que vão acolher as diferentes celebrações do Papa, assim como as medidas de segurança, para que tudo possa decorrer de uma forma pacifica”, reforça.
O padre Marcelo reitera as suas críticas à comunidade internacional por “nada fazer pelo povo sofredor do Congo”, apontando "a parte leste do país" como "a mais martirizada, neste momento, com rebeldes que atacam populações indefesas e que provocam o terror e o medo na população”.
"Os rebeldes continuam a atacar populações indefesas no Leste do país” e espalham “o terror entre a população”.
O sacerdote lamenta que “o terror na parte Leste do país não seja notícia nas televisões e na rádio” e fala de uma “guerra escondida e silenciada que mantem o povo apavorado”.
Nestas declarações à Renascença, a partir da cidade de Butembo, no nordeste do Congo, Marcelo Oliveira assegura que viajará para Kinshasa para poder acompanhar a visita do Papa que permanecerá no país ente 31 de janeiro e 3 de fevereiro.
Esta será a primeira deslocação de um Papa à República Democrática do Congo desde 1985. Francisco tinha planeado visitar a cidade oriental de Goma quando a viagem foi anunciada oficialmente, mas essa etapa foi cancelada após o ressurgimento dos combates entre o exército e o grupo rebelde Movimento 23 de Março (M23).
Ainda assim, de acordo com o programa da visita divulgado pelo Vaticano, espera-se que o Papa se encontre com vítimas do leste do país no dia 1 de fevereiro e também com líderes de instituições de caridade católicas.
Francisco vai assim ao encontro da maior comunidade católica do continente africano, formada por 45 milhões de pessoas, num país 26 vezes maior do que Portugal.