Críticas ao Governo e à DGS pela gestão dos transportes no desconfinamento
28-05-2020 - 00:26
 • Paula Caeiro Varela

Da esquerda à direita, partidos apontaram cenário de “sardinhas em lata” nos comboios, barcos e autocarros na Grande Lisboa.

Veja também:


Os números de contágios nos últimos dias na Grande Lisboa mostram que os portugueses não estão todos no mesmo barco, acusou esta quarta-feira o Bloco de Esquerda no Parlamento, onde o assunto foi levado ao plenário pelos bloquistas, que acusam o Governo de não ter acompanhado como deveria o desconfinamento nos locais de trabalho nem nos transportes públicos. Somaram-se críticas de outras bancadas, à esquerda e à direita e só o PS ficou na defesa da atuação do Governo.

“É preciso garantir no imediato que seja colocada toda a capacidade existente nas linhas sobrelotadas como Azambuja e Sintra e, por outro lado, é preciso garantir igualmente que o Governo e as autoridades de transportes articulem opções complementares nos mesmos percursos de modo a garantir que não há sobrelotação de carruagens”, disse a deputada Isabel Pires.

João Cotrim de Figueiredo, da Iniciativa Liberal, respondeu que há soluções mais baratas, que passam pela flexibilização de horários ou pelo teletrabalho. A posição do Bloco de Esquerda é que não compreende, diz o deputado.

“Trazem aqui um diagnóstico que até admito que é real, mas depois trazem soluções – como o investimento em mais composições, alternativas de transportes rodoviários em paralelo com ferroviárias – que são mais demoradas de aplicação, mais poluentes e certamente mais caras”, afirmou o deputado e líder da Iniciativa Liberal.

Já Carlos Silva, do PSD, confessou-se “banzado” com o que ouviu sobre este tema da diretora-geral da Saúde.

“É notável, é de quem não conhece como é que está o sistema de transporte públicos na zona da grande Lisboa”, afirmou o deputado, referindo-se às afirmações de Graça Freitas que, na conferencia de imprensa desta quarta-feira, disse que os transportes podem ser cadenciados de forma a manter o distanciamento exigível.

O PAN, por Inês Sousa Real, também deixou críticas à forma como o Governo avançou para o desconfinamento. “Verificamos que no desconfinamento, ‘sardinhas em lata’ foi o denominador comum dos autocarros que saem, por exemplo, de loures para lisboa, dos barcos da margem sul para lisboa, do comboio inter-regional de santarém ou dos comboios urbanos da linha de Sintra, da Azambuja ou de Cascais”, afirmou a líder parlamentar do PAN.

O PS reconheceu problemas nos transportes mas tem outra explicação, não é culpa do Governo nem das autoridades de Saúde, é consequência da pandemia. E até do Governo de Pedro Passos Coelho.

“Os operadores de transportes na generalidade, mas em particular na área metropolitana de lisboa, tiveram uma diminuição de receita na ordem dos 95 por cento durante este período, particularmente na venda dos passes únicos, embora o governo e as câmaras municipais tivessem continuado a cumprir com as suas tranches. Esta enorme redução de receita está a causar enormes dificuldades de tesouraria a que ninguém deve ficar indiferente”, justificou o deputado socialista Ricardo Leão, que culpou ainda o desinvestimento de anos no setor dos transportes, devolvendo críticas ao PSD e ao governo liderado por Passos Coelho.