Passado mais um dia sem acordo entre os sindicatos de professores e o ministro da Educação, o líder parlamentar do PS diz na Renascença que o setor conta com os socialistas e com o Governo "para um diálogo construtivo", mas que as negociações se situam "dentro de um limite" que é o das "capacidades financeiras" do Governo "num momento de elevada turbulência".
Eurico Brilhante Dias alerta que se as partes - Governo e sindicatos - tiverem "uma posição completamente inflexível é perfeitamente contraproducente" e que isso "não seria adequado".
Fica ainda a garantia do dirigente socialista que "o PS não irá regressar à frase que diz que perdemos os professores, mas ganhámos as famílias". e que o setor pode contar com o grupo parlamentar socialista e o Governo para o tal "diálogo construtivo".
Pelo PSD, Joaquim Miranda Sarmento conclui que com as greves das últimas semanas, os professores mostraram que se "cansaram de muitas promessas e pouca execução" do Governo.
Para o líder parlamentar social-democrata, "perante uma situação muito difícil, as greves estão a colocar pressão ainda maior sobre um sistema de ensino", salientando que as escolas começaram "o ano letivo com 60 mil alunos sem professores".
Ora, conclui Miranda Sarmento, "os problemas já eram gravíssimos e esta greve veio criar uma pressão ainda mais brutal sobre as escolas e as famílias.
PS vê em Medina "um bom ministro das Finanças". PSD só ouve Medina dizer "não sabia, não vi"
Com Fernando Medina fora da lista dos seis arguidos constituídos esta sexta-feira, na sequência das buscas à Câmara de Lisboa, o debate do São Bento à Sexta centrou-se nas condições políticas do ministro das Finanças para continuar ou não no Governo.
Para o líder parlamentar do PSD, a conferência de imprensa de Medina esta quinta-feira mostrou "um padrão que começa a formar-se" em relação ao ministro das Finanças.
"Em tudo o que se lhe pergunta sobre a atuação política a resposta é sempre 'não sabia, não vi, não analisei", diz Miranda Sarmento.
O dirigente social-democrata argumenta que "no campo estritamente político" esta atitude de Medina "levanta muitas dúvidas se o ministro das Finanças tem a autoridade que um ministro das Finanças precisa para junto dos seus colegas de Governo ser o guardião da boa gestão dos dinheiros públicos".
Na réplica, o líder parlamentar do PS diz que vê em Medina "um bom ministro das Finanças", que no "essencial conduz a política financeira e nisso tem mostrado que é um bom ministro".
Eurico Brilhante Dias salienta ainda que o próprio Presidente da República considerou, em declarações à CNN, que os esclarecimentos de Medina sobre as buscas e o facto de ter-se colocado à disposição da Procuradoria geral da República foram "um bom exemplo".
O dirigente socialista diz que a investigação ao caso "deve correr, quando há dúvidas deve-se investigar", mas considera "errado" que se pegue na investigação e utilize "esse tipo de instrumentos, não para fazer política a sério, mas para minar a autoridade política do adversário".
Recuperando a operação Vórtex, que envolve um ex-autarca socialista e um atual deputado do PSD, Brilhante Dias diz que se recusa a falar desse processo e "menos de qualquer associação do presidente do PSD à volta", rematando que "a política da lama tem um problema, só afeta os democratas".
No frente-a-frente com Miranda Sarmento, o líder parlamentar do PS reconhece que o partido tem "vários casos e casinhos", mas alerta que esses casos "passam sempre da esfera do partido de Governo para os partidos da oposição que têm exercicio de poder".
Ou seja, o que se passa agora com a maioria absoluta do PS existirá na mesma medida quando o PSD for poder, na opinião do dirigente socialista. "Se não protegermos a política e a democracia enlameando tudo à volta estamos a fazer um péssimo serviço à democracia", remata Brilhante Dias.
Ora, Miranda Sarmento argumenta que "as críticas à autoridade política de Fernando Medina não começaram ontem" após a conferência de imprensa do ministro das Finanças, reconhecendo que o caso da TAP a envolver a ex-secretária de Estado do Tesouro e o da câmara de Lisboa são "muito diferentes".
O líder parlamentar do PSD insiste que o ministro das Finanças "está fragilizado e é por causa da forma leviana como escolhe uma secretária de Estado para a NAV e depois para a TAP", acrescentando que "tudo o resto adiciona fragilidade".
Miranda Sarmento recusa que o PSD esteja a trazer "lama" para o debate com as críticas a Medina. "Não vale a pena baralhar e falar em enlamear. O que fragilizou o ministro das Finanças foram as opções políticas na forma como conduziu o processo político relativamente a Alexandra Reis", conclui o dirigente social-democrata.