O presidente do PSD defendeu este sábado, em Aveiro, que o Governo dificilmente evitará a tendência crescente para os médicos portugueses emigrarem, enquanto não aplicar a esses profissionais os mesmos aumentos remuneratórios de que beneficiaram os magistrados, já salarialmente favorecidos.
À margem de um encontro com militantes e dirigentes do distrito de Aveiro, Rui Rio referiu que "o Serviço Nacional de Saúde [SNS] está longe de ser gerido como devia", e que "muitas vezes o PS atira dinheiro para cima dos problemas", sem, contudo, "otimizar os recursos disponíveis".
Para o líder parlamentar do PSD e recandidato à presidência do partido nas eleições internas de 11 de janeiro, "a questão dos médicos - e, em parte, dos enfermeiros também - tem a ver efetivamente com as condições de trabalho", o que passa muito pela remuneração salarial, "mas não só".
Rui Rio defende que o SNS vem registando "uma degradação brutal" e que "é completamente diferente um médico trabalhar num hospital bem equipado e organizado ou trabalhar num hospital que é uma barafunda total e onde faltam coisas", mas reconhece que as diferenças no tratamento salarial de diferentes classes da função pública também pesam na insatisfação do meio clínico.
Relacionando o exemplo dos médicos com o dos magistrados judiciais e do Ministério Público, o líder social-democrata explica: "O Governo está numa posição difícil para agora chegar aos médicos e dizer que não há dinheiro [para aumentos salariais]. Há dinheiro para os que já ganham mais e não há para os que ganham menos?".
Argumentando que a gestão da problemática salarial da função pública tem de ser tratada "de forma justa e equilibrada", Rui Rio critica: "O que este Governo e o anterior fizeram foi aumentar de forma forte os magistrados, que já ganhavam mais do que todas as demais carreiras, e agora ainda vieram ganhar mais".
O presidente do PSD reprova ainda que esse aumento remuneratório se verifique com recurso "a um subsídio que nem sequer IRS paga", o que representa para os magistrados um benefício fiscal que mais "ninguém tem".