Os passageiros dos barcos da Transtejo não poderão fazer a travessia entre o Cais do Sodré e Cacilhas nas noites de quarta e quinta-feira.
No site da empresa há um aviso que justifica a interrupção com “falta de recursos humanos operacionais”. Ou seja, não há trabalhadores suficientes para constituir tripulações, que têm de ter quatro membros: um mestre, um maquinista e dois marinheiros.
A Renascença tentou obter explicações adicionais, mas sem sucesso.
Contudo, Paulo Lopes, da FECTRANS, diz que esta paragem se deve à falta de pessoal na empresa, um problema bastante antigo. e com o pré-aviso de greve ao trabalho extraordinário.
O sindicalista garante que o governo foi alertado, logo em 2016 quando tomou posse, que a empresa tinha um grave problema de falta de trabalhadores, sobretudo marítimos.
Trabalho extraordinário assegura transporte regular
Chegou a haver a promessa de admissão de novos funcionários, mas tal não se concretizou.
“Até agora as carreiras regulares têm sido asseguradas com o trabalho extraordinário e era bom que os passageiros também percebessem isso”, diz Paulo Lopes.
Mas o descontentamento crescente levou todos os sindicatos representativos dos trabalhadores da Transtejo a entregar, há cerca de um mês, um pré-aviso de greve às horas extraordinárias. O que faz com que se registem situações de rutura e seja impossível ter tripulações completas para assegurar as carreiras.
Segundo Paulo Lopes, a situação anunciada para a noite de quarta-feira na ligação Cais do Sodré-Cacilhas - que vai implicar uma paragem de cerca de quatro horas nas ligações - já ocorreu no passado e deverá repetir-se noutras carreiras, nomeadamente, para o Seixal e Montijo.
Pelo menos 30 trabalhadores a menos
De acordo com os sindicatos, para que a Transtejo reponha a operação normal nas diversas carreiras, sem recurso a trabalho extraordinário, seria necessário contratar pelo menos mais 30 trabalhadores marítimos.
E especialmente, entre os mestres, o nível etário é bastante elevado, há vários à beira da reforma e frisa Paulo Lopes, “não há perspetivas de substituição”.
O défice sente-se, também, entre os trabalhadores da área comercial, o que tem levado ao encerramento de bilheteiras.
Ao contrário do que acontece noutras situações, neste caso, os sindicatos apontam o dedo ao Governo, ao primeiro-ministro e ao ministro das Finanças, que não desbloqueiam nem as verbas, nem a autorização para a Transtejo contratar novos funcionários.
Esta é, apenas, uma das questões que levou os trabalhadores a mandatarem os sindicatos para convocarem uma greve de cinco dias, que deverá ter lugar em novembro.
A paralisação ainda não está agendada, mas vai decorrer numa semana, de segunda a sexta-feira, em três horas por turno, e terá as consequências habituais: interrupção das ligações fluviais no Tejo nas horas de ponta da manhã e do fim da tarde e noite.