O Novo Banco rejeitou esta quarta-feira os 1.500 despedimentos antecipados pela Comissão de Trabalhadores no parlamento, afirmando, em resposta à Lusa, que as reduções anuais irão acontecer em linha com as de 2020, de cerca de 250 trabalhadores.
"O Novo Banco desmente os números divulgados" pela Comissão de Trabalhadores, esta quarta-feira, no Parlamento, disse fonte oficial da instituição financeira em resposta a questões colocadas pela Lusa.
A mesma fonte do banco liderado por António Ramalho adiantou ainda que "o Novo Banco prevê uma redução média para os próximos três anos em linha com a redução anual que se tem vindo a concretizar, designadamente em 2020", adiantando que no último ano saíram cerca de 250 trabalhadores da instituição, o que eleva o total de trabalhadores que saíram do Novo Banco para cerca de 870 nos últimos três anos.
Até setembro do ano passado, o banco reduziu a sua força de trabalho em 201 trabalhadores face a dezembro de 2019, ano em que perdeu 227 trabalhadores face ao anterior, sendo que em 2018 já tinha perdido 392 em relação a 2017, de acordo com os relatórios e contas e apresentações de resultados do Novo Banco.
Os trabalhadores do Novo Banco alertaram esta quarta-feira, no Parlamento, que a administração se prepara para uma nova redução de balcões e despedimento de 1.500 trabalhadores, defendendo uma renegociação dos objetivos com a Comissão Europeia.
O alerta foi dado por Rui Geraldes, da Comissão Nacional de Trabalhadores do Novo Banco, esta quarta-feira, ouvido na Comissão de Trabalho e Segurança Social, numa audiência que já tinha sido requerida em 2020.
“Para 2021, fruto da atual conjuntura pandémica, será muito difícil atingir objetivos [acordados com a Comissão Europeia], estando previsto, caso os mesmos não sejam renegociados, o encerramento adicional de balcões e despedimento de 1.500 trabalhadores”, disse o responsável.
Segundo Rui Geraldes, o plano de reestruturação do Novo Banco estabelecido com a comissão europeia no final de 2017, prevê a renegociação dos objetivos em caso de contingência de força maior que seja alheia ao controle do banco.
“A administração está a ir mais longe do que os objetivos acordados com a DGComp [direção geral da concorrência da Comissão Europeia], uma vez que estes previam que em 2021 o banco deveria ter 400 balcões e 4.909 trabalhadores, objetivos já atingidos e ultrapassados em 2019”, disse o representante da Comissão Nacional de Trabalhadores, referindo que o Novo Banco tem atualmente 360 balcões e 4.668 trabalhadores no grupo (cerca de 4.350 no banco).
“Era fundamental que fossem renegociados estes objetivos, tendo em conta que esta pandemia é um facto alheio ao banco e à gestão do banco, a fim de evitar este despedimento e o encerramento de mais balcões”, disse.
Ouvido esta quarta-feira no parlamento, o representante dos trabalhadores lamenta que ao longo de seis anos o Novo Banco tenha vivido “em reestruturações permanentes, sendo que o método aplicado passou sempre por fechar balcões, dispensar trabalhadores”.
“Essas reestruturações não se têm mostrado eficazes, pois os prejuízos cada vez são maiores, o negócio mais reduzido e os contribuintes é que são sempre os sacrificados”, disse.
Segundo os dados apresentados, foram já encerrados 314 balcões e reduzidos 3.229 trabalhadores.
O facto de a administração do banco ter excluído a comissão de trabalhadores do plano em curso é, para Rui Geraldes, um forte indicador de que o banco não se preocupa em alcançar a paz social dentro da empresa.
O Novo Banco teve prejuízos de 853,1 milhões de euros nos primeiros nove meses deste ano, mais 49% do que no mesmo período do ano passado, segundo as contas quarta-feira divulgadas pelo banco.
Em julho, o Novo Banco estimou, em comunicado enviado ao regulador dos mercados, que o valor a pedir no âmbito do Mecanismo de Capital Contingente, que recorre ao Fundo de Resolução para compensar perdas do legado do banco, seja de 176 milhões de euros relativo ao primeiro semestre.
O presidente executivo do Novo Banco, António Ramalho, tem vindo a avisar que a instituição vai precisar de mais capital do que o previsto para este ano, face ao impacto da Covid-19.