Celebrações do 25 de abril. "É a democracia a dar um sinal de que vamos voltar à normalidade"
20-04-2020 - 10:39

Henrique Raposo e Jacinto Lucas Pires debatem a realização das celebrações do feriado do 25 de abril na Assembleia da República, o regresso do debate político entre os mais jovens e a retoma das cerimónias religiosas.

Veja também:


Henrique Raposo é a favor das celebrações do 25 de abril e acredita que "é um exagero dizer que a Assembleia da República está a dar um mau exemplo". O comentador da Renascença realça a importância simbólica da celebração da Revolução dos Cravos.

"A polémica faz sentido, porque deve ser debatido. Concordo com as pessoas que acham que deve decorrer e é um exagero dizer que a Assembleia da República está a dar um mau exemplo e a colocar em causa a saúde pública. Há um mês apoiaria a cerimónia, agora ainda mais. É a democracia a dar um sinal que vamos voltar à normalidade. Faz todo o sentido, até do ponto de vista simbólico", começa por dizer.

Jacinto Lucas Pires, que assina o mesmo espaço de comentário no programa da Renascença, "As Três da Manhã", questiona quem discorda da cerimónia.

"Parece-me estranho que existam partidos que não querem a cerimónia. Em estado de emergência temos de mostrar que a democracia está viva, que esta restrição de direitos é temporária. São discutíveis os termos da cerimónia, que devem seguir as indicações da DGS", diz.

Os dois comentadores concordam que a polémica em torno das celebrações do feriado permitiram mostrar que "o 25 de abril está vivo", segundo Jacinto Lucas Pires.

"Durante muito tempo diziam que os jovens não queriam saber da política. Um dos efeitos desta crise é o regresso da política, o interesse pelo espaço público", aponta Henrique Raposo.

Regresso das celebrações religiosas

Henrique Raposo defende o regresso das celebrações religiosas à medida que o país comece a regressar à normalidade, para preservar a "saúde mental" e contornar o efeito "opressivo" da quarentena.

"Toda a vida deve voltar à normalidade, não só a vida religiosa. Com as devidas cautelas claro, se não a cura torna-se pior do que o vírus. Na saúde mental, economia, desemprego, em tudo. Começa a ser desumano a imposição dos funerais sem ninguém. É um ponto em que a quarentena se torna opressiva", diz.

Já Jacinto Lucas Pires destaca a importância da discussão sobre os termos do regresso das celebrações: "É bom estarmos preparados. Acho bem que se comecem a definir as regras, perceber muito bem como poderão ser cumpridas. Pensar com tempo é tomar já decisões".