O presidente do FC Porto tem opinião bem formada sobre os candidatos às eleições para a presidência do Benfica. Sobretudo sobre aquele que aparenta ser o principal rival de Luís Filipe Vieira, João Noronha Lopes, que Pinto da Costa desvaloriza.
Em entrevista à TVI, esta quinta-feira, Pinto da Costa começou por comentar, em tom crítico, que "parece que foi Luís Filipe Vieira que escolheu os candidatos. Numa alusão ao anterior estatuto de presidente da Região Sul da Europa do McDonald's, o líder portista lançou farpas especialmente afiadas a Noronha Lopes.
"O problema é que qualquer indivíduo que queira ser presidente do Benfica mete na cabeça que a primeira coisa que tem de dizer é mal de mim. Nem me conhecem, nem eu nunca os vi. Agora, apareceu o candidato do McDonald's, que se meteu comigo, mas eu nem li nada. Mas alguma vez os adeptos do Benfica vão votar num indivíduo que aparece agora com meia dúzia de frases feitas? Só se forem ao McDonald's a pensar que vão ter desconto", atirou.
Pinto da Costa considera que as eleições na Luz têm mostrado "que os tais comentadores independentes são tão independentes, que vários estão nas listas dos candidatos do Benfica".
"O doutor [Pedro] Adão [e Silva] é vice-presidente do Noronha, o Jaime Antunes está na lista do Luís Filipe Vieira. Mas são independentes, não têm nada a ver com o Benfica", ironizou.
Cidadão e primeiro-ministro indissociáveis
O presidente do Porto salientou, ainda, que "fez confusão" ver António Costa na Comissão de Honra de Vieira, por entender que não é possível dissociar o primeiro-ministro do cidadão:
"Se o cidadão António Costa não fosse primeiro-ministro e aparecesse na Comissão de Honra, nenhum jornal o ia referir. O que apareceu que teve impacto não foi o cidadão. Ele tem direito a ser sócio do Benfica e acionista da SAD. Ninguém tem nada com isso. Agora, a mim chocou-me o primeiro-ministro estar a apoiar um indivíduo que toda a gente diz que deve milhões ao banco [Novo Banco] que está a ir aos bolsos de todos os portugueses."
Para Pinto da Costa, não pode haver conluio entre futebol e política. "Um executivo do FC Porto não pode estar na política", vincou.
Diferença entre Rui Moreira e António Costa
Surge a dúvida sobre Rui Moreira, presidente da Câmara do Porto, que passou a fazer parte do Conselho Superior do FC Porto.
Pinto da Costa salientou que o Conselho Superior "é um órgão consultivo" e que, de qualquer forma, Rui Moreira não é político: "É titular de um cargo público sem estar vinculado a qualquer partido."
O líder portista nem pensa em influenciar decisões autárquicas. "Nem são pessoas influenciáveis, nem eles estão cá para isso."
A promiscuidade entre o futebol e a justiça também incomoda Pinto da Costa, que aproveitou para aplicar nova bicada ao Benfica.
"Vi que estiveram 22 juízes numa tribuna. Ou estiveram a fazer um jogo antes, tomaram banho e foram para a tribuna, ou não vou comentar. No FC Porto, costumamos ter pessoas estranhas, mas são patrocinadores. Não estou a ver o Ministério da Justiça a patrocinar o Benfica", observou o dirigente azul e branco.
"Heróis" Rui Pinto e Francisco J. Marques
O que não faltou à conversa, na entrevista na TVI, foi Rui Pinto, criador do "Football Leaks", atualmente em julgamento.
Pinto da Costa, que ao princípio nem se lembrava bem quem era o alegado "hacker", admitiu não estar "dentro do assunto", pelo que preferiu não comentar se Rui Pinto é "herói ou criminoso".
"Mas estranho que há muita gente com responsabilidades no país e que quer ainda ter mais que o considera um herói porque denunciou através de e-mails irregularidades que se passaram. Essas irregularidades, se não tivessem sido difundidas, morriam no cesto dos papéis. Quem as pôs cá fora é um herói quem as pôs em público e espoletou tudo é condenado, como foi o funcionário do FC Porto", comentou.
Pinto da Costa referia-se a Francisco J. Marques, diretor de comunicação e informação do FC Porto, que divulgou o conteúdo de correspondência eletrónica alegadamente comprometedora do Benfica - e foi condenado por divulgá-la.
O presidente portista espera, portanto, que Francisco J. Marques "seja considerado duplamente herói".