Tudo começou no Jubileu do Ano 2000, quando o Papa João Paulo II visitou Fátima para beatificar os pastorinhos Jacinta e Francisco Marto. João Luís Silva estava no início do seu percurso vocacional, na diocese de Santarém, tendo-se deixado encantar pela Mensagem de Fátima depois de ler alguma bibliografia sobre as aparições assim como o livro “Memórias da Irmã Lúcia”.
A primeira carta, da qual não guardou cópia, surge em Junho desse ano e foi escrita à mão, dirigida à vidente de Fátima com três finalidades.
“Primeiro, queria agradecer à Irmã o seu testemunho de vida e fidelidade; em segundo lugar, dar-lhe os parabéns pela beatificação do Francisco e da Jacinta e, por fim, sabendo que ela fazia terços, quis pedir-lhe um”, conta à Renascença, o sacerdote natural de Chaves, hoje ao serviço da arquidiocese de Évora.
Mais tarde, em Setembro e já na Universidade Católica, em Lisboa, o padre João Luís lembrou-se de partilhar com a vidente os momentos mais importantes da sua caminhada como seminarista.
“Tive esta ideia de escrever aquilo que eu sentia, até quase como um segredo e partilhar com ela ou em datas dedicadas a Nossa Senhora ou em dias especiais para mim como eram os dias de retiro”, acrescenta.
São 13 missivas que chegaram à Irmã Lúcia, mas que ficaram sem resposta.
“Eu comecei a escrever à irmã quando ela tinha 93 anos e, devido à sua idade, já não escrevia”, explica o presbítero que já visitou o Carmelo de Coimbra mais de trinta vezes.
“A resposta às minhas cartas chegaram através da oração”, conta-nos ao mesmo tempo que revela ser muito amigo da madre prioresa, tendo-lhe esta transmitido que Lúcia de Jesus “leu todas as cartas e rezava por todas as intenções que eu lá colocava”.
“A oração é o que nos une e estas cartas nasceram da oração e tornaram-se também oração”, menciona o padre João Luis Silva que diz ter tido sempre algumas “reservas” em divulga-las, porém atendendo ao “Centenário das Aparições e com o parecer positivo do Carmelo de Coimbra” estão agora em livro que revela um percurso vocacional.
Natural de Chaves, agora na arquidiocese de Évora, resolveu publicar aquelas palavras escritas nascidas durante o tempo de formação académica e de preparação para o sacerdócio.
Com a chancela da Paulus Editora, a apresentação da obra é assinada por D. José Alves, arcebispo de Évora.