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O social-democrata Nuno Morais Sarmento nega ter manifestado em privado um apoio a uma possível candidatura de Rui Rio - " já vamos em momentos de delírio", diz - e distancia-se mesmo da argumentação do antigo autarca do Porto.
" Não conheço essa figura do 'apoio em privado'. Ou se apoia ou não se apoia. E, principalmente, não percebo o que é que se apoiava. Rio veio dizer que se o PSD não conseguir inverter esta situação, estará disponível. Está a dizer que espera que o PSD seja capaz de mudar e sair da situação difícil em que se encontra. Eu acho que é muito difícil. E acho que, com grande probabilidade, as coisas não se vão resolver nos calendários normais da realidade partidária - PSD/Congressos - ou nacional - Governo/Legislativas", afirma Nuno Morais Sarmento no programa Falar Claro da Renascença.
Questionado sobre se está disponível para protagonizar uma candidatura à liderança do partido, Nuno Morais Sarmento não exclui a possibilidade, mas também não a afirma.
"Acho um bocadinho curto que se resuma a participação - acho até um exercício de arrogância - aqueles que digam que estão disponíveis para se candidatarem à liderança. Eu estou disponível para trabalhar", responde Sarmento, repetindo um verbo que escolheu para contornar a pergunta, trocada por uma interrogação da lavra do próprio social-democrata.
"Se estou disponível para participar no trabalho que seja necessário fazer, se chegarmos a uma situação de dificuldade em que se justifica inflectir estratégias e eventualmente mudar de liderança? É evidente que estou disponível, como sempre estive, para trabalhar nesse momento", insiste o antigo ministro, que esta semana debateu a actualidade política com Eurico Brilhante Dias.
O socialista ensaiou uma bicada no campo social-democrata e Sarmento respondeu de pronto, usando a terceira pessoa do singular
"Se estou à espera do apoio de Rio? Não, o doutor Morais Sarmento não costuma esperar por apoios quando se decide a qualquer coisa. Avança e depois logo se vê", ripostou no programa Falar Claro da Renascença.
Questionado sobre a possibilidade de "trabalhar" para uma liderança de Rui Rio, Morais Sarmento lançou duas cartas fortes para jogo, entre indirectas sobre possíveis candidatos à sucessão de Passos Coelho.
"Não sei se será Rui Rio. Tenham atenção a Marques Mendes e a Pedro Santana Lopes. Em vez de olharem para o 'campeonato regional', olhem para a 'primeira liga'. E na 'primeira liga' têm - e valerá a pena perceber a posição desses - Pedro Santana Lopes, que já começou a olhar para o tema, e Marques Mendes, que será 'coagido' por alguém a olhar para o tema, que para ele ficou mal resolvido em anos passados", declarou Morais Sarmento.
Passos Coelho nas pisadas de António José Seguro
E o actual líder do PSD e antigo primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, está esgotado? Morais Sarmento contorna o adjectivo, mas segue na mesma linha de análise.
"Passos Coelho colocou-se conscientemente nesta posição que não lhe permite nem avanço nem recuo. Limitar-se-á a repetir de diferentes formas a leitura que tem da inviabilidade total deste Governo", analisa Sarmento na Renascença.
E na presença de um antigo apoiante de António José Seguro no PS, o social-democrata trouxe o ex-secretário-geral socialista ao debate sobre a situação interna do partido liderado por Pedro Passos Coelho.
"O PSD colocou-se numa posição um bocadinho parecida com aquela em que António José Seguro se colocou em relação ao Governo anterior. Cortou as amarras todas. E disse que, com estes senhores, não há entendimento, não há 'ponte', não há 'solução' possível e só eleições poderão resolver isto. Quem se coloca numa posição tão extrema, tem o problema de no dia seguinte a única coisa que tem a dizer é aquilo que disse", insiste Morais Sarmento.
Resumindo, se não houver uma "alteração da posição" do PSD, dificilmente Passos fica na liderança. "Mais três anos disto é uma realidade impossível", remata o antigo ministro da Presidência.
As batalhas dos próximos orçamentos
Do lado do PS, Brilhante Dias coloca a dúvida sobre a sustentabilidade dos apoios dos partidos de esquerda ao Governo, em particular para fazer passar o Orçamento de Estado de 2018.
"E quem sabe o Orçamento de 2019", admite o deputado do PS. "Não sei se haverá problemas, mas à medida que vamos esgotando o conteúdo dos chamados acordos com horizonte de legislatura que foram celebrados entre o PS e os demais partidos, é normal que outras questões possam emergir", complementa o antigo membro da direcção de António José Seguro.