O novo primeiro-ministro eslovaco, Robert Fico, anunciou esta quinta-feira o fim do envio de armas para a Ucrânia, limitando o apoio dos eslovacos a “ajuda humanitária e civil”.
“Consideramos que a ajuda à Ucrânia deva ser unicamente na questão humanitária e civil. Não forneceremos mais armas à Ucrânia”, declarou Fico, um dia após a sua nomeação como chefe de um Governo de coligação, associado a um partido de extrema-direita pró-Rússia.
“A guerra na Ucrânia não é nossa, não temos nada a ver com esta guerra”, acrescentou.
Segundo Fico, “a cessação imediata das operações militares é a melhor solução para a Ucrânia. A União Europeia (UE) deveria passar do estatuto de fornecedor de armas para o de pacificador”.
Durante as suas declarações aos deputados, Fico também anunciou que não apoiaria novas sanções contra a Rússia até que seja "analisado o seu impacto na Eslováquia".
“Se tais sanções vão nos prejudicar, como é o caso da maioria das sanções, não vejo razão para apoiá-las”, sublinhou o primeiro-ministro eslovaco.
O Kremlin reagiu imediatamente a este anúncio, minimizando a sua importância.
“A parte da Eslováquia nas entregas de armas [para Kiev] na verdade não é tão grande e, é por isso, dificilmente afetará todo o processo”, disse à imprensa o porta-voz do Kremlin, Dmitri Peskov, antes de acusar mais uma vez os Estados Unidos de alimentarem o conflito ao ajudar a Ucrânia.
O Presidente da Eslováquia empossou na quarta-feira o novo Governo liderado pelo ex-primeiro-ministro populista conservador Robert Fico, que deverá seguir uma política externa nacionalista, que já prometia acabar com a ajuda militar à Ucrânia para repelir a invasão russa.
Robert Fico volta ao cargo de primeiro-ministro pela quarta vez, depois de o seu partido Smer (Direção-Democracia Social) ter vencido as eleições parlamentares em 30 de setembro.
O partido conquistou 42 assentos no parlamento de 150 assentos no seguimento de uma campanha pró-Rússia e antiamericana.
Fico formou uma maioria parlamentar ao assinar um acordo de governo de coligação com o partido esquerdista Hlas (Voz) e o ultranacionalista Partido Nacional Eslovaco. O Hlas, liderado pelo ex-vice de Fico no Governo, Peter Pellegrini, alcançou 27 mandatos.
O reencontro de Fico e Pellegrini foi fundamental para a criação do novo governo. O terceiro parceiro, o Partido Nacional Eslovaco, assumidamente pró-Rússia, conquistou 10 assentos na legislatura.
A vitória de Fico pode marcar uma reviravolta significativa na política externa do país e prejudicar uma unidade frágil na União Europeia (UE) e na NATO.
O primeiro-ministro empossado já repetiu as afirmações do Presidente da Rússia, Vladimir Putin, de que o Governo ucraniano dirige um “estado nazi” do qual os russos étnicos no leste do país precisavam de proteção.