"Assumo responsabilidade total", afirmou neste sábado o comandante da brigada aeroespacial da Guarda da Revolução Iraniana. Numa declaração transmitida pela televisão, Amirali Hajizadeh afirmou que "preferia ter morrido a assistir” à queda do avião ucraniano que matou 176 pessoas.
“Quando tive a confirmação [do erro], desejei ter morrido para não ter visto uma coisa destas. A Guarda Revolucionária Iraniana sempre se dispôs a morrer pelo povo. Hoje, está em causa a nossa reputação perante Deus Todo-Poderoso. E nestas circunstâncias muito difíceis, estou aqui perante vós para explicar o que aconteceu”, começou por dizer, depois de, nesta manhã, o Presidente iraniano ter admitido que o avião das linhas aéreas ucranianas foi atingido por um míssil, por erro humano.
O operador do míssil que abateu o Boeing ucraniano em Teerão abriu fogo sem poder obter a confirmação de uma ordem de tiro, devido a uma "interferência" nas telecomunicações, explicou o general iraniano.
O soldado confundiu o avião com um "míssil de cruzeiro" e teve "10 segundos" para decidir, acrescentou o general.
O avião foi atingido e as 176 pessoas que nele seguiam morreram.
As forças armadas iranianas confundiram o avião de passageiros ucraniano com um alvo hostil momentos depois do ataque do Irão com mísseis balísticos contra duas bases militares no Iraque que albergavam tropas norte-americanas.
O ataque do Irão foi uma retaliação pela morte do general iraniano Qassem Soleimani num ataque aéreo dos Estados Unidos no Iraque.
Na manhã deste sábado, o ministro dos Negócios Estrangeiros iraniano escrevia no Twitter que o erro humano que deu origem ao acidente foi provocado “pelo aventureirismo dos EUA”.
As autoridades máximas do Irão têm demonstrado o seu profundo lamento. Nesta tarde, os Presidentes iraniano e ucraniano deverão falar ao telefone sobre o sucedido.
No resto da comunidade internacional, o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau, já veio exigir uma profunda investigação ao que se passou e a condenação dos responsáveis.
O Presidente francês, Emmanuel Macron, também já comunicou que a França já iniciou os procedimentos para levar a cabo uma investigação internacional.
No Reino Unido, o primeiro-ministro diz que a assunção da responsabilidade é um importante primeiro passo. Boris Johnson pede uma investigação independente e a garantia de que todos os mortos serão repatriados e diz que o Reino Unido está disponível para colaborar com o Canadá, a Ucrânia e outros países donde eram naturais as vítimas.