O despovoamento está a acelerar na região do Alentejo, segundo os resultados preliminares dos Censos 2021, divulgados esta quarta-feira pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).
“É uma preocupação que permanece e que se aprofunda”, reconhece Carlos Pinto de Sá que preside a Comunidade Intermunicipal do Alentejo Central (CIMAC).
“O que temos vindo a assistir nos últimos anos é, exatamente, a um agravamento da saída de pessoas sem a sua substituição”, diz o autarca de Évora à Renascença.
Comentando o que diz ser o “processo acelerado de litoralização” do país, Carlos Pinto de Sá lembra que “estamos a falar de dois terços do país”, o que “não é positivo para a coesão territorial, nem para a coesão social”.
O presidente da Câmara de Évora assegura que o Alentejo tem “qualidade de vida”, mas faltam “medidas fortes” que permitam às pessoas fixarem-se na região.
“Falta investimento, emprego, rendimentos”, refere o autarca que defende “politicas que apostem definitivamente no interior, que definam metas e verifiquem, depois, se essas metas estão ou não a ser atingidas, Não basta anunciar politicas, é preciso monitorizá-las.”
O Alentejo, a região do país com o decréscimo populacional mais expressivo, perdeu, no seu todo, 52.368 residentes, ou seja, 6,9% da sua população, de acordo com os dados divulgados pelo INE.
Em 2011, tinha 757.301 residentes; em 2021, são 704.944 (341.139 homens e 363.795 mulheres).
Com menos população, destacam-se os municípios de Barrancos, no distrito de Beja, (-21,8%) e Nisa, no distrito de Portalegre (-20,1%).
No sentido inverso, comparativamente a 2011, o concelho de Odemira, no litoral alentejano, aumentou de 26.066 para 29.523 habitantes (13,3%), segundo os resultados preliminares dos Censos 2021.
O presidente da CIMAC considera que a pandemia explica uma parte destes resultados, tendo em conta que se vive “uma crise económica e social muito significativa.”
“O desemprego disparou, como é sabido, houve muitas famílias que ficaram sem rendimentos suficientes e, portanto, não havendo emprego, as pessoas vão à procura de emprego não apenas no país, mas também no estrangeiro”, afirma Carlos Pinto de Sá, que exemplifica com “os muitos jovens que foram à procura de melhores condições de vida.”
Atrair jovens para o interior é uma prioridade para o autarca alentejano, para atenuar esta situação, por isso, pede que se atue a vários níveis, nomeadamente nas áreas da habitação e do emprego.
“É preciso criar condições de habitação a preços acessíveis” e, para isso, “tem de haver um pograma público para que os trabalhadores se possam instalar aqui”, observa.
Por outro lado, “é fundamental que sejam melhoradas as questões da qualificação da mão-de-obra e os rendimentos desta”, frisa Pinto de Sá, “para que as pessoas se possam manter no país e não tenham que procurar, lá fora, melhores soluções para a sua vida.”
Na área da CIMAC, onde estão associados os 14 municípios do distrito de Évora, o concelho de Mora foi o que registou o maior decréscimo de população (17,1%), seguindo-se o Alandroal (-14,3%) e os três concelhos do chamado “triângulo dos mármores”: Borba (-12,3%), Estremoz (-11,4%) e Vila Viçosa (11,2%).
Com menos perda de população, o concelho de Vendas Novas (-5,1%) lidera a lista, seguido dos concelhos de Évora (-5,4%), Viana do Alentejo (-7,3%), Reguengos de Monsaraz (-8,8%), Montemor-o-Novo (-9,4%), Arraiolos (-10,3%), Portel e Redondo (ambos com -10,6%) e Mourão (-11,6%).