Veja também:
- Os últimos números da pandemia em Portugal e no mundo
- Todas as notícias sobre a pandemia de Covid-19
- Guias e explicadores: as suas dúvidas esclarecidas
- Boletins Covid-19: gráficos, balanços e outros números
O presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública, Ricardo Mexia, considera que a situação dos surtos nos lares de idosos merece cautelas, mas não defende a massificação dos testes nem uma terceira dose da vacina, algo que não tem evidência ciêntifica
Em declarações à agência Lusa, a propósito dos surtos nos lares, Ricardo Mexia afirmou que esta questão deve ser olhada com "bastante cautela".
"A questão dos lares é preocupante no sentido em que sabemos que são os contextos em que mais severidade e mais mortalidade tivemos no passado", mas, ressalvou, a situação "ainda está muito longe" do cenário vivido em janeiro e fevereiro, "muito mais complicado".
Nesse sentido, o presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública (ANMSP) reiterou que é preciso "manter as cautelas" em relação à população idosa, que "é bastante vulnerável", e defendeu que perante o surgimento de casos é necessário ser muito célere na testagem.
Mas, apesar de defender que sejam feitos testes de rastreio à Covid-19 quando são identificados casos nos lares e, provavelmente, até na comunidade mais próxima, o especialista disse ter dúvidas sobre a massificação da testagem neste momento.
"Não sei até que ponto neste momento faz sentido massificar a testagem nesses contextos. Tem de se manter as medidas de proteção, mas não é claro que neste momento isso [massificação dos testes] possa ser muito vantajoso", salientou Ricardo Mexia.
Já sobre a realização de testes serológicos à população dos lares, proposta pelo presidente da União das Misericórdias Portuguesas, bem como pelo presidente da Confederação Nacional das Instituições de Solidariedade, Ricardo Mexia considerou não fazer muito sentido realizá-los de "forma sistemática": "não é linear que quem tenha títulos baixos de anticorpos não tenha proteção contra a doença".
"Sabemos que a imunidade vai decrescendo. Em princípio, é isso que está a acontecer, mas o facto de ter um título mais baixo de anticorpos não invalida que a pessoa não possa continuar a ter imunidade contra a doença e, portanto, fazer isso de forma massificada pode não ser assim tão útil", justificou.
Em declarações na quinta-feira à Lusa, o presidente da União das Misericórdias Portuguesas (UMP), Manuel Lemos, indicou que as pessoas infetadas foram "das primeiras a serem vacinadas", defendendo que se devia pensar na administração de uma terceira dose da vacina contra a Covid-19, como França decidiu fazer.
Comentando esta proposta, Ricardo Mexia afirmou que a terceira dose da vacina nos idosos deve ser avaliada "à luz da evidência científica", referindo que é uma questão que está a ser discutida à escala global, em linha com o que defende o coordenador da "task force".
"Há alguns países que vão avançar nesse sentido. Nós, penso que ainda não temos essa discussão a decorrer até porque ainda não acabámos de vacinar com as duas doses todas as pessoas, ainda estamos a caminho de conseguir atingir esse objetivo, mas acho que é uma questão que pode ser discutida e que deve ser avaliada à luz da evidência científica", defendeu.
Mas, sustentou, "é pertinente estarmos atentos a essa realidade e à medida que vamos tendo mais dados poder tirar mais conclusões nesse sentido".
Segundo dados da Direção-Geral da Saúde, na segunda-feira havia 53 surtos ativos em lares de idosos, que envolviam 829 casos de infeção diagnosticados, sendo o mais preocupante o ocorrido no lar da Santa Casa de Proença-a-Nova, com 127 casos ativos.
A Covid-19 já matou em Portugal, desde o início da pandemia, em março de 2020, 17.422 pessoas, tendo sido registados 979.987 casos de infeção, segundo a DGS.