O presidente do Instituto Nacional de Emergência Médica (INEM), Sérgio Janeiro, garante que não vai deixar o cargo, depois das dificuldades registadas nas últimas semanas.
Sérgio Janeiro, que falava esta quinta-feira à tarde na Comissão Parlamentar de Saúde, garantiu que tentou prevenir os efeitos da greve dos técnicos de emergência pré-hospitalar às horas extraordinárias e que não vai sair do INEM.
“Sinto que tenho condições de continuar, sinto que tenho uma equipa no INEM que está do lado do conselho diretivo, que nos tem ajudado a ultrapassar as dificuldades crónicas e aquelas que vão surgindo a cada dia”, declarou Sérgio Janeiro.
O presidente do INEM garante que tentou prevenir os efeitos da greve que lhe foi comunicada a 10 de outubro, 20 dias antes do início.
Sobre a acusação de ter enviado apenas um email a três minutos do último turno, no dia 4 de novembro, em que foi registado um elevado tempo de espera, Sérgio Janeiro garante que fez vários contactos e enviou “muitas mensagens” ao longo do dia.
“Foram feitos contactos diretos com os dirigentes e com os trabalhadores no sentido de se perceber de que forma poderíamos mobilizar as pessoas para fazer face, não ao impacto da greve, mas à nossa iminente incapacidade de dar a resposta que achamos aceitável para socorrer a população.”
O presidente do INEM não desvaloriza o que aconteceu a 4 de Novembro, mas quer esperar pela conclusão dos inquéritos abertos às mortes que podem estar relacionadas com os atrasos.
“Não vou desvalorizar estas situações em que houve atraso no atendimento, não vou desvalorizar as mortes que aconteceram nesses períodos, as instâncias competentes avaliarão o nexo de causalidade e daí sairão todas as consequências que tiverem de sair.”
No Parlamento, Sérgio Janeiro realçou a falta de recursos humanos no Instituto Nacional de Emergência Médica: “Uma escala quando está a 100%, quer dizer que tem cerca de 80 pessoas no CODU, quando o ideal para os rácios é de 122. Numa situação normal, em que tivéssemos os recursos humanos em pleno, nunca se cumprem os serviços mínimos no dia a dia.”
O presidente do INEM admitiu que os atrasos podem estar relacionados com o descontentamento e o desânimo dos trabalhadores. “Devo dizer que o estado anímico é muito importante, a motivação dos trabalhadores, e devo dizer que nesse dia dos prestadores, quem esteve presente, foi o dia em que cada um em média atendeu menos chamadas”, frisou.
Para resolver o problema, Sérgio Janeiro diz estar a aproveitar a atenção dada ao INEM para negociar um plano com a ministra da Saúde, Ana Paula Martins.
Já fechada está a contratação de 400 novos profissionais, que, na opinião do presidente do INEM, continua a ser um número insuficiente.
E a pensar no futuro, a formação de novos profissionais do INEM vai ser alargada às escolas e universidades de medicina, adiantou Sérgio Janeiro.
Na audição parlamentar de duas horas, o Sérgio Janeiro destacou o profissionalismo dos técnicos e prometeu modernizar e trabalhar no Instituto Nacional de Emergência Médica, que é agora tutelado diretamente pela ministra da Saúde.