A Associação Nacional de Concessionários e Revendedores Automóveis (ANECRA) diz ter conhecimento de rumores que apontam para o recurso de algumas oficinas a um esquema ilegal que consiste na retirada de filtros de partículas de carros a diesel, o que faz aumentar os níveis de poluição.
Os filtros são obrigatórios nos carros a gasóleo posteriores a 2005 e uma peça que custa centenas de euros. Nos veículos com maior utilização urbana, o filtro tem maior probabilidade de avariar, pelo que alguns proprietários pedem, alegadamente, ao mecânico para desligar o filtro. A consequência directa é o aumento de emissões poluentes.
Segundo o “Jornal de Notícias” desta sexta-feira, a adulteração desta peça não é detectada na inspecção automóvel, o que leva a crer que se polui sem controlo em Portugal.
À Renascença, o vice-presidente da ANECRA, Alexandre Ferreira, admite que já “ouviu falar do assunto”, mas não assume que os seus associados recorram a este tipo de infracção. Nega ainda “conhecer oficinas que se dediquem a tal prática”, mas reconhece que “se diz que isso possa estar a acontecer em determinadas circunstâncias”.
A Renascença procurou um comentário da Associação Nacional de Centros de Inspecção Automóvel (ANCIA), mas ainda sem sucesso.
Escândalo Volkswagen “põe em causa sector automóvel”
A denúncia da retirada de filtros dos carros a diesel acontece numa altura em que está nas bocas do mundo o caso da Volkswagen. A marca alemã deverá divulgar esta sexta-feira o número total de veículos e as marcas afectadas, bem como os países onde foram vendidos.
Volkswagen, BMW, Seat e Audi estão entre os modelos alterados.
Desde que estalou o escândalo das alterações das emissões de gases no grupo automóvel. foram registados 11 milhões de veículos a gasóleo com procedimentos ilegais.
A ANECRA declara-se muito preocupada, “porque tudo isto reforça as notícias oriundas do problema detectado junto da Volkswagen”, o que “põe em causa o sector automóvel e a sua credibilidade”.
Em Portugal, espera-se para ver que efeito terá o escândalo. Ao “Diário Económico”, o ministro da Economia, Pires de Lima, garante que o país vai controlar os carros do gigante alemão, existentes em solo nacional.
O Governo diz estar em contacto com o Instituto da Mobilidade e Transportes (IMT) para perceber as implicações da fraude nos veículos que circulam nas estradas nacionais. Mas esta sexta-feira de manhã, o presidente do IMT, Paulo Andrade, não esteve disponível para explicar à Renascença como será feito esse controlo e inspecção.