O primeiro dia de deliberações do julgamento de Donald Trump chegou ao fim esta quarta-feira, em Nova Iorque, sem que os jurados tenham alcançado um veredito.
Trump, de 77 anos, é acusado de falsificar documentos de forma a encobrir um suborno pago à estrela de filmes para adultos Stormy Daniels, pouco antes da eleição presidencial de 2016. O referido pagamento teria como objetivo silenciar a atriz relativamente a um encontro de natureza sexual mantido dez anos antes com Trump.
O antigo presidente negou qualquer irregularidade e classificou o julgamento como uma "fraude" que visa prejudicar a sua candidatura à presidência dos EUA, em novembro. Ao sair do tribunal, esta quarta-feira, agitou o punho no ar em sinal de desafio, ignorando as perguntas dos jornalistas.
Os doze jurados, que têm em mãos a responsabilidade de tomar uma decisão sobre a culpabilidade do primeiro presidente americano a ser alvo de uma acusação criminal, voltam a reunir-se amanhã de manhã no Tribunal Criminal de Manhattan.
A deliberação pode prolongar-se indefinidamente até que seja alcançada a unanimidade de todos os jurados. Caso contrário, o juiz decretará a anulação do julgamento.
Pedidos de transcrições de depoimentos
O dia ficou marcado pelo pedido de transcrições dos depoimentos de algumas testemunhas, que foi dirigido ao juiz Juan Merchan duas horas e meia depois do início das deliberações.
Em concreto, os jurados solicitaram uma transcrição do depoimento de Michael Cohen, um antigo colaborador de Trump. Várias reuniões realizadas entre ambos na Trump Tower, em Manhattan, foram mencionadas no julgamento, mas não ficou claro qual delas os jurados quiseram examinar.
Excertos do depoimento do ex-editor do National Enquirer também foram solicitados. David Pecker garantiu ter trabalhado ativamente com a campanha republicana para evitar que quaisquer artigos desfavoráveis a Trump fossem publicados.
Testemunho de Cohen deve ser "corroborado por outras evidências"
Antes das deliberações terem início, o juíz responsável pelo caso fez um apelo à neutralidade e objetividade dos jurados. “Devem deixar de lado quaisquer opiniões pessoais ou preconceitos que possam ter a favor ou contra o réu”, sublinhou.
Juan Merchan pediu ainda aos jurados que fossem particularmente cuidadosos ao avaliar as declarações de Michael Cohen, a testemunha principal do processo, dado este ser também cúmplice nos pagamentos feito a Daniels que estão no cerne das acusações.
“Mesmo que considerem o testemunho de Cohen credível, não podem condenar o réu apenas com base nesse testemunho, a menos que percebam que o mesmo foi corroborado por outras evidências”, disse Merchan.
Durante o julgamento, os defensores de Trump insistiram na falta de credibilidade de Choen. “Ele é literalmente o maior mentiroso de todos os tempos”, disse o advogado de Trump, Todd Blanche, na terça-feira.
Uma decisão desfavorável a Trump pode ter um impacto decisivo na corrida presidencial americana agendada para 5 de novembro e na qual o candidato republicano tenta recuperar a Casa Branca das mãos do presidente democrata Joe Biden. Ainda assim, se for condenado, Trump deverá recorrer.
Em sentido oposto, um veredicto de inocente eliminaria uma importante barreira legal, deixando o caminho desimpedido para a recandidatura. Trump enfrenta outros três processos criminais, mas nenhum deve ir a julgamento antes da data das eleições.