O tráfego no Canal do Suez, no Egito, foi retomado esta segunda-feira, depois de o cargueiro gigante que o bloqueava ter sido desencalhado ao fim de quase uma semana.
O "Ever Given", navio porta-contentores de 400 metros de comprimento, quase 60 de largura e 219 mil toneladas, tinha ficado encravado diagonalmente numa secção sul do canal na última terça-feira, o que interrompera o tráfego marítimo naquela que é a rota mais curta entre a Europa e a Ásia.
"O almirante Osama Rabie, presidente da Autoridade do Canal do Suez [SCA], anunciou o retomar da atividade marítima no Canal do Suez, depois de a SCA ter resgatado e desencalhado o cargueiro gigante panamiano 'Ever Given'", lê-se num comunicado da SCA. Ou, como disse um agente envolvido na operação: "Está livre."
Após trabalhos de drenagem e escavação durante o fim de semana, trabalhadores de resgate da SCA e uma equipa da empresa holandesa Smit Salvage tinham conseguido desencalhar parcialmente o navio durante a manhã desta segunda-feira. À tarde, a Evergreen Line, que aluga o "Ever Given", confirmou que o navio tinha sido desencalhado com sucesso e informou que seria alvo de inspeções.
Nas primeiras horas do dia 23 de março, o "Ever Given" foi desviado da sua rota habitual devido a ventos fortes e acabou encalhado, bloqueando completamente o tráfego na zona. Os prejuízos são estimados em 316 milhões de euros por hora.
Pelo menos 369 embarcações viram o seu percurso interrompido pelo navio, incluindo dezenas de cargueiros, graneleiros, petroleiros e navios-tanque para o transporte de gás natural liquefeito (GNL) e gás de petróleo liquefeito (GPL), de acordo com Rabie.
O almirante assegurou que a SCA tratará, de imediato, de acelerar as passagens pelo canal. Uma fonte da autoridade disse que mais de 100 navios poderão entrar no canal por dia. Ainda assim, poderá demorar dois a quatro dias para libertar a lista de espera. A transportadora Maersk, da Dinamarca, revelou que os efeitos desta disrupção poderão começar a sentir-se apenas daqui a semanas ou até meses.
Cerca de 15% do tráfego de transportadoras passa pelo Canal do Suez, que é uma importante fonte de lucro para o Egito. O engarrafamento está a custar ao canal 12 a 13 milhões de euros por dia.
Segundo o jornal de transporte marítimo “Lloyd's List”, por cada dia que o Canal do Suez estiver fechado perde-se mais de 7,6 mil milhões de euros em mercadorias (316 milhões por hora) que deveriam por lá passar.
Os custos de transporte de navios-petroleiros quase duplicaram depois de o "Ever Given" ter encalhado. O bloqueio perturbou cadeias de abastecimento globais, numa altura em que as empresas já lidam com os custos adicionais das restrições de combate à pandemia da Covid-19.
O canal do Suez é uma via navegável artificial no Egito. Foi inaugurada em novembro de 1869, após 10 anos de construção, e veio permitir a navegação de embarcações entre o mar Mediterrâneo e mar Vermelho.
Quando foi construído, o canal tinha 164 quilómetros de comprimento e oito metros de profundidade. Depois de vários alargamentos, ficou com pouco mais de 193 quilómetros de comprimento, 24 metros de profundidade e 205 metros de largura.