O presidente da Comissão Episcopal da Pastoral Social e Mobilidade Humana, D. José Traquina, apelou esta quinta-feira, em Fátima, à partilha com os mais pobres.
O também bispo de Santarém partiu do relato do Evangelho, lido na Eucaristia, onde é descrito o episódio da festa de casamento em Caná da Galileia, na qual Jesus transformou a água em vinho para satisfazer a necessidade de festejar condignamente o casamento dos noivos.
D. José lembrou que, mais tarde, Jesus morreria na cruz por paixão à sua noiva - as pessoas. Por isso, “a sua noiva são hoje os atuais milhões de pobres em todo o mundo, os milhões de refugiados que têm de fugir como Jesus para terem vida, os migrantes que, por desconhecimento das formas legais de emigrar, são explorados por contrabandistas e traficantes, os milhões de pessoas deslocadas forçadamente dentro do seu próprio país, por falta de segurança".
"Todos estes”, acrescentou, “têm direito à festa nupcial".
D. José Traquina lembrou ainda que, perante uma multidão com fome, Jesus levou “os discípulos a assumirem como seu o problema da multidão” e ensinou-lhes “que a solução dos pobres com fome se resolve pela partilha".
Pandemia fez ressaltar o essencial da vida cristã
Nesta homilia, o bispo de Santarém lembrou também as limitações a que temos estado sujeitos em termos de convívios e festas, devido à pandemia, salientou que, contudo, “acentuou-se mais viva consciência de que grande parte das festas populares têm origem na Igreja e, por isso, nalgumas comunidades resolveram ir às origens e celebrar a festa, promovendo os sinais essenciais, como uma eucaristia bem preparada, a imagem do padroeiro evidenciada, uma mensagem e uma lembrança partilhada para registar a festa celebrada em tempos de pandemia".
"Com isto, frisou D. josé Traquina, “ressaltou o essencial: a alegria da fé e da vida".
As celebrações deste 13 de Agosto contaram com a presença de vários milhares de peregrinos de Portugal e oriundos de outros cantos do mundo, embora não em tão grande número como habitualmente acontece nesta Peregrinação Nacional do Migrante e Refugiado, devido às restrições impostas pela pandemia de Covid-19.
Um dos gestos tradicionais desta peregrinação é a oferta de trigo e farinha pelos peregrinos ao santuário de Fátima. No ano passado, foram oferecidos 8.060 quilos de trigo e 545 quilos de farinha que serviram para a confeção de hóstias. Em 2019, consumiram-se 15.500 hóstias e 1.089 mil partículas nas 6.821 missas celebradas no santuário de Fátima. As quantidades oferecidas nesta peregrinação só serão reveladas no próximo ano.