Portugal pode ultrapassar a barreira dos 240 casos por 100 mil habitantes a 14 dias dentro de um a dois meses, avança o relatório das "linhas vermelhas" da covid-19, que admite um aumento dos internamentos em cuidados intensivos.
Segundo a análise de risco da Direção-Geral da Saúde (DGS) e do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) hoje divulgada, o índice de transmissibilidade (Rt) do vírus SARS-CoV-2 está nos 1,08, "indicando uma tendência crescente da incidência de infeções a nível nacional".
"A manter esta taxa de crescimento, a nível nacional, estima-se que o limiar de 240 casos em 14 dias por 100 mil habitantes possa ser ultrapassado em um a dois meses", refere o relatório das autoridades de saúde.
O grupo etário com incidência cumulativa a 14 dias mais elevada correspondeu às pessoas entre os 20 e os 29 anos, com 154 casos por 100 mil habitantes, mas verifica-se uma tendência globalmente crescente em todos os grupos etários entre os 20 e os 79 anos.
Os vários indicadores indicam que o país se mantém com uma "atividade epidémica de SARS-CoV-2 de intensidade reduzida", mas, ao contrário da situação estável da semana anterior, apresenta agora uma "tendência crescente a nível nacional".
Perante isso, a DGS e o INSA admitem que o reduzido impacto da pandemia nos serviços de saúde possa evoluir para uma "fase de crescimento nos internamentos" em unidades de cuidados intensivos.
"A avaliação na próxima semana servirá para confirmar a possível inversão de tendência e início de fase de crescimento com impacto na pressão nos serviços de saúde", adianta o relatório hoje divulgado.
Para já, o número de pessoas com covid-19 em cuidados intensivos corresponde a 24% do valor crítico definido de 255 camas ocupadas, quando na semana anterior este indicador estava nos 23%.
"Nas últimas semanas, este indicador tem vindo a assumir uma tendência crescente", alertam, porém, as "linhas vermelhas" da pandemia, que adiantam que na quarta-feira 60 doentes estavam internados nas unidades de cuidados intensivos dos hospitais de Portugal continental.
No que se refere à positividade, o relatório refere que, entre 21 e 27 deste mês, a proporção de testes positivos foi de 2,3%, quando na semana anterior tinha sido de 1,6%. Este valor de 2,3% está abaixo do limiar de 4%, mas com tendência crescente.
Quanto à mortalidade por covid-19, registou um valor de 7,6 óbitos em 14 dias por um milhão de habitantes, que corresponde a uma diminuição de 19% relativamente à semana anterior, "mostrando uma tendência estável a decrescente nas últimas semanas", indicam também os dados da DGS e do INSA.
A covid-19 provocou pelo menos 4.979.103 mortes em todo o mundo, entre mais de 245,47 milhões infeções pelo novo coronavírus registadas desde o início da pandemia, segundo o mais recente balanço da agência France-Presse.
Em Portugal, desde março de 2020, morreram 18.153 pessoas e foram contabilizados 1.088.977 casos de infeção, segundo dados da Direção-Geral da Saúde.
A doença respiratória é provocada pelo coronavírus SARS-CoV-2, detetado no final de 2019 em Wuhan, cidade do centro da China, e atualmente com variantes identificadas em vários países.