O Hospital Central do Funchal vai manter em quarentena até à próxima semana as enfermarias onde foi identificada uma bactéria resistente a antibióticos, enquanto procede ao rastreio de 58 doentes ali internados, indicou esta sexta-feira a autoridade regional de saúde.
"Não há motivo neste momento para alarmismos, é apenas um caso e é por uma questão de precaução que devemos rastrear todos os contactos", disse a coordenadora do serviço de controlo de infeção, Margarida Câmara, em conferência de imprensa.
A responsável explicou que as medidas de isolamento serão mantidas enquanto decorrem os rastreios aos 58 doentes que estiveram em contacto com a portadora da bactéria, designada Klebsiella Pneumoniae Carbapenemase (KPC), o que implica a realização de três exames distanciados 48 horas.
"Portanto, vai levar algum tempo até termos a situação finalizada", disse Margarida Câmara, vincando que a quarentena apenas será suspensa para os doentes com resultado negativo nos três exames.
A paciente portadora da bactéria esteve internada nos serviços de Ortopedia e de Nefrologia, nos pisos 8.º (poente) e 6.º (nascente), que agora se encontram isolados, e tem historial de internamento prolongado em diferentes unidades hospitalares fora da Região Autónoma da Madeira devido a patologia crónica imunodeprimida.
No último ano, esteve internada numa unidade na zona de Lisboa e atualmente permanece hospitalizada no Funchal, em estado considerado estável.
Margarida Câmara explicou que a Klebsiella Pneumoniae Carbapenemase se transmite apenas através do contacto direito com a pessoa infetada ou com material contaminado, o que justifica o rastreio aos 58 doentes internados nos serviços de Ortopedia e de Nefrologia.
"Temos suspeita [de possível infeção], mas nenhum apresenta qualquer sintoma para já", disse, esclarecendo que a bactéria pode infetar qualquer órgão do sistema, provocando infeções respiratórias, urinárias, de pele e outras.
As visitas estão agora limitadas a uma pessoa por doente, com um período de permanência máximo de 30 minutos, devendo esta utilizar o mesmo equipamento de proteção pessoal que os profissionais de saúde, como bata e luvas.
"Qualquer bactéria que tenha este perfil de resistência pode ser mortal por podermos não ter o antibiótico capaz de tratar a infeção", advertiu Margarida Câmara.
A presidente do Serviço de Saúde da Madeira (SESARAM), Tomásia Alves, informou, por outro lado, que todos os familiares dos doentes foram contactados, no sentido de "sossegá-los".
"Não há qualquer sinal de grande preocupação, o que existe sim é uma atitude preventiva de rastrear todas as pessoas que estiveram em contacto para as isolar", afirmou.
O SESARAM até nunca tinha registado uma bactéria desta estirpe.