O antigo presidente do Banco Espírito Santo (BES), Ricardo Salgado, está proibido de se ausentar do país e não pode contactar com pessoas envolvidas no processo "Operação Marquês", entre os quais José Sócrates, nem com algumas pessoas e entidades com ligações ao Grupo Espírito Santo, apurou a Renascença.
As medidas de coacção foram determinadas esta quarta-feira pelo juiz Carlos Alexandre, do Tribunal Central de Instrução Criminal (TCIC), depois de o antigo banqueiro ter sido ouvido pelo Ministério Público.
Em declarações aos jornalistas, Ricardo Salgado mostrou-se surpreendido e garantiu que vai "continuar a colaborar com a justiça".
"Eu continuo a colaborar com a Justiça. [Estive] sempre disponível para
colaborar com a Justiça desde o primeiro dia", afirmou à saída do tribunal.
Questionado se ficou surpreendido com a diligência desta quarta-feira, respondeu: "Não deixei de ser surpreendido, mas é claro que é assim. A justiça tem o direito de investigar tudo e nós cá estamos para corresponder".
Ricardo Salgado foi, esta quarta-feira, constituído arguido no âmbito da "Operação Marquês", que envolve o antigo primeiro-ministro José Sócrates.
Segundo a Procuradoria-Geral da República (PGR), o antigo homem forte do BES é suspeito da prática de crimes de corrupção, abuso de confiança, tráfico de influência, branqueamento e fraude fiscal qualificada.
Segundo a PGR, a “Operação Marquês” conta com "20 arguidos, 15 pessoas singulares e 5 colectivas", entre as quais o ex-primeiro-ministro José Sócrates, o ex-ministro socialista Armando Vara e o empresário Carlos Santos Silva, entre outros.
Dois anos após o início da investigação, que a 20 de Novembro de 2014 fez as primeiras detenções, a investigação do Ministério Público deverá estar concluída em Março.