O primeiro-ministro, António Costa, mostrou na quinta-feira desagrado com as queixas do presidente da Câmara de Lisboa, Carlos Moedas, pela ausência de um telefonema do líder do Governo.
Moedas pôs em evidência a desigualdade de tratamento do executivo para com as autarquias socialistas e as não socialistas, no rescaldo das inundações desta e da semana passada.
No final do Conselho Europeu de quinta-feira, na conferência de imprensa com os jornalistas, quando o tema eram as alterações climáticas, Costa foi questionado sobre se iria contactar Carlos Moedas por causa das cheias, na sequência das queixas. "Se for necessário, com certeza, qual o problema", respondeu.
Após a insistência da jornalista sobre a razão pelo qual não ligou a Moedas depois das cheias de terça-feira na capital, Costa lançou para a repórter: "Ó senhora, deixe-se, não se preocupe com o assunto."
O primeiro-ministro pôs então fim ao período de perguntas e respostas, mas no momento em que abandonava o palco, e depois de desejar "bom Natal" aos repórteres, ainda lançou um aparte: "Pode-lhe perguntar [a Moedas] porque é que ele não me ligou quando tive a minha casa inundada.”
Em resposta a esta declaração, Moedas afirmou já esta sexta-feira: "Diria ao senhor primeiro-ministro que o trabalho foi muito, que estivemos a lutar ao lado dos lisboetas e dos problemas e lembraria o primeiro-ministro que fui eleito pelos lisboetas e estarei aqui com os lisboetas".
E, logo de seguida, deixou um recado: "Usando as próprias palavras do primeiro-ministro, o PS tem de se habituar a isso."
Por fim, Moedas assume que "é verdade que o primeiro-ministro não me ligou e a ministra Vieira da Silva decidiu e bem visitar os municípios de Loures e de Oeiras, e não visitou Lisboa".
“Mas isso não é importante, o que peço é uma solução rápida para as pessoas”, disse Carlos Moedas, elogiando Marcelo Rebelo de Sousa por, "desde a primeira hora", ter entrado em contacto com ele.
"A questão de ligar ou não ligar aqui não é importante", acrescentou.
Questionado sobre se a situação o perturba, o autarca afirmou: “Não de maneira nenhuma, eu estou muito bem, só quero a ajuda do Governo” na resposta aos estragos provocados pelas cheias.
O tom usado por António Costa durante os nove meses de maioria absoluta do Partido Socialista tem sido alvo de críticas, sobretudo na Assembleia da República, durante os debates parlamentares.