A Diocese de Vila Real celebra na quarta-feira o centésimo aniversário da sua criação. Do programa festivo destaca-se a eucaristia de ação de graças, na sé, às 17h00, presidida pelo bispo diocesano, D. António Augusto Azevedo.
Segue-se um concerto solene de órgão sinfónico, por Giampaolo Di Rosa, e a inauguração de uma exposição intitulada “Memória Fotográfica”, no Museu do Som e da Imagem, que faz uma viagem documental por estes 100 anos.
“O nosso primeiro sentimento é de ação de graças a Deus por toda a vida que aqui foi sendo feita, durante 100 anos”, explica o bispo diocesano.
Celebrar, lembrar a história e não “deixar cair no esquecimento personalidades marcantes”, como o arcebispo de Braga Manuel Vieira de Matos que lutou pela fundação desta Diocese, bem como bispos, padres e leigos, é um dos grandes objetivos que se pretende atingir.
“Trata-se de uma história circunscrita há 100 anos, embora, quando se estuda os inícios da diocese, tem que se ir um bocadinho mais atrás. Não deixa de ser um período muito rico e um período que tem merecido da parte da historiografia muito estudo. E eu acho que há muita matéria para estudar”, assinala D. António Augusto Azevedo.
De acordo com o bispo da Diocese de Vila Real, ao longo destes anos, a Igreja “criou respostas e iniciativas relativamente a algumas áreas em que era necessário”, dando como exemplo a imprensa, com a criação de jornais regionais, bem como a educação, em que congregações, sacerdotes e leigos criaram escolas e colégios.
No campo da educação, a Igreja desenvolveu um papel muito importante, nomeadamente até à implementação de uma rede de cobertura universal de ensino público nos concelhos do distrito, por volta da década de 80 do século passado.
Também na área social, com a fundação de lares ou creches, é relevante a ação da Igreja que, ao longo dos tempos, tem proporcionado respostas às necessidades da região.
D. António Augusto Azevedo destaca “outro fenómeno que é muito típico desta região, e do interior em geral - no litoral não existe tanto - e que são as fundações. Isto é, pessoas que legaram os seus bens para criar instituições de apoio, por exemplo, à infância mais problemática. Embora tendo surgido iniciativas particulares, confiaram isso à Igreja”.
Celebrações estendem-se a toda a diocese
O dia festivo acontece a 20 de abril, mas o ano jubilar arrancou a 08 de dezembro, dia da padroeira Imaculada Conceição, e vai prolongar até 8 de dezembro de 2022.
O programa do centenário tem um cariz litúrgico e religioso, mas também cultural e pretende chegar a toda a diocese.
“A Igreja quer contribuir para que nesta cidade e nas outras, onde também as exposições vão passar, aconteçam propostas interessantes”, refere o prelado, sublinhando que o centenário é “de todos e para todos”.
A exposição documental de fotografias e de microfilmes, que é inaugurada na quarta-feira, estará patente em Vila Real, até junho, entrando depois em itinerância pelas cidades de Peso da Régua, Chaves e Valpaços.
Já no Seminário de Vila Real terá lugar uma outra exposição com objetos e obras de arte, nomeadamente os objetos pessoais dos bispos que serviram a diocese e peças de arte do próprio seminário e da Sé.
É também para o seminário que está previsto um colóquio, no dia 23, sobre “A criação da Diocese de Vila Real”.
A iniciativa é uma coorganização do UCP-CEHR (Centro de Estudos de História Religiosa da Universidade Católica Portuguesa) e Diocese de Vila Real e conta com a presença de vários oradores que vão refletir sobre as dinâmicas históricas da diocese.
No dia 30 deste mês, na Sé de Vila Real, às 21h00, tem lugar o concerto “Missa Solene Salve Regina” de Daniel Sousa, uma estreia absoluta da obra encomendada para a celebração do Centenário da Diocese de Vila Real.
Estão previstos também vários concertos pela Orquestra do Norte, Coro Câmara D’Ouro e pelo órgão sinfónico da Sé com 2.180 tubos.
Crescer a partir das raízes
O lema do centenário “Crescer com Raízes”, é inspirado no Papa Francisco que, por diversas vezes, tem alertado que para que as pessoas e as instituições cresçam e “tenham raízes sólidas”.
“De uma forma ou de outra essas raízes vão dar fruto no futuro ou vão alimentar a árvore para que dê frutos”, sublinha o bispo de Vila Real.
Não querendo antecipar o futuro ou o tipo de frutos, D. António Augusto Azevedo acredita que “quando alguém cresce em termos espirituais, em termos de valores, o Espírito Santo é muito criativo e vai ajudar a encontrar propostas, a criar coisas que são as que o mundo de hoje precisa, que a juventude precisa e as comunidades precisam”.
“A Igreja terá sempre essa liberdade de criar, de responder, de as comunidades se juntarem para fazerem aquilo que querem, que precisam e que o mundo precisa”, destaca.
Apesar de o programa comemorativo contemplar diversas iniciativas, o elemento mais forte é a componente espiritual, sobretudo tendo em conta que o momento mais simbólico é o da peregrinação.
Cada um dos oito arciprestados (Baixo Tâmega, Centro II, Centro, Douro I, Douro II, Barroso, Alto Tâmega e Terra Quente) tem um mês designado para a realização das peregrinações, que podem ser familiares ou comunitárias, à Sé de Vila Real, a igreja-mãe desta Diocese.
A Diocese de Vila Real foi criada pelo Papa Pio XI pela Bula ‘Apostolicae Praedecessorum Nostrorum’, de 20 de abril de 1922, com paróquias da Arquidiocese de Braga (166) e das Dioceses de Lamego (71) e de Bragança (19), ficando com os limites do distrito de Vila Real.