Um “caos”, um “buraco” ou perto do “fundo do poço” são algumas das expressões usadas pelos portugueses para avaliarem o “estado da nação” que, dizem, parece distante da realidade e do bolso dos portugueses.
Michele Albino não hesita em dar nota negativa à forma de governar o país onde, diz, “falta, cada vez mais, o que por na mesa”.
“Os alugueres estão absolutamente muito caros. E falta dinheiro para o que vem para a mesa. E fico pensando quem tem 3 ou 4 crianças, como faz?”, questiona a jovem brasileira a residir em Braga que, numa escala de 1 a 10, “dava um 4” ao desempenho do governo.
“Por mais que os altos valores gerem lucros de mercado e rentabilidade ao próprio governo, ele (governo) não tem pensado muito no povo”, lamenta.
Vicente Ferreira elege, também, a habitação como questão prioritária. Aos 28 anos, o jovem diz-se preocupado com o futuro da sua geração sem dinheiro para ter onde morar.
“É preciso por um travão na bolha imobiliária”, pede o recém licenciado. “É muito importante porque é o primeiro passo para as pessoas ficarem cá”, alerta Vicente que dá o seu exemplo pessoal.
“Pago uma casa de 500 euros e, mesmo assim, o ordenado não chega ao final do mês. O meu salário dá para as contas da casa e não sobra mais nada”.
“É mais difícil poupar hoje em dia do que na geração dos meus pais”, remata.
"O essencial é a saúde e a educação"
Aos 81 anos, Vítor Batista diz sentir o país “a abanar”. Garante que tudo piorou, mas o importante, ressalva , é ver resolvidos “os problemas na educação e na saúde”.
“O essencial não são as pontes nem os viadutos. O essencial é a saúde e a educação. A população está velha porquê? Porque os jovens fogem”, resume o reformado.
“Agora a gente quer um médico não tem. O ordenado não dá. As reformas são baixas. As pessoas idosas, como nós, querem mais apoio, não há. É um buraco. Estamos pior em tudo”, lamenta.
Para Salete Ferreira o que importa é que sejam discutidas novas medidas “realmente eficazes” no combate à inflação e ao aumento do custo de vida.
“As pessoas não têm carcanhol”, conta a empresária que propõe a redução do IVA a 23%. “Era a única forma de melhorar”, acredita Salete.
“Eu sei que o governo não vai aceitar porque o cofre deles vai abaixo, mas, a longo prazo, faria com que as pessoas tivessem mais dinheiro”, explica. “Se não for assim, vamos tocar ao fundo do poço”.
“O governo tem de pensar mais no bolso dos portugueses. Com os salários baixos e o preço das coisas a galopar, isto está um caos”.
As preocupações e os recados dos portugueses aos deputados que debatem, esta quinta-feira, o estado da nação numa altura em que o país se vê abraços com o aumento do custo de vida, do preço da habitação, e com greves na educação, na saúde e na justiça.