Nove anos de prisão efetiva para a mulher que abandonou o filho recém-nascido num caixote do lixo na zona de Santa Apolónia, em Lisboa, em 2019. Sara Furtado foi condenada pelo crime de homicídio na forma tentada.
O coletivo de juízes considerou que a arguida agiu de "forma premeditada" para causar a morte, tendo mentido em relação à hora e dia em que abandonou a criança.
“Vamos analisar calmamente
o acórdão e provavelmente pode haver recurso”, disse aos jornalistas a advogada
de defesa, Rute Santos.
Em 7 de outubro, o Ministério Público pediu "uma pena de prisão não inferior a 12 anos", alegando que, depois de ter sido encontrado o bebé, a arguida "não quis saber" e "não demonstrou qualquer arrependimento".
As autoridades receberam na tarde do dia 5 de novembro de 2019 o alerta a propósito de um recém-nascido encontrado num caixote do lixo na Avenida Infante D. Henrique, perto da estação fluvial.
O recém-nascido foi encontrado por um sem-abrigo, ainda com vestígios do cordão umbilical, tendo sido transportado ao Hospital Dona Estefânia. Foi transferido para a Maternidade Alfredo da Costa por não carecer de cuidados complexos médicos e cirúrgicos.
Na altura, a presidente do Instituto de Apoio à Criança (IAC) defendeu que a jovem expôs o bebé ao abandono sem querer matá-lo. Segundo Dulce Rocha, a mulher estava numa situação de vulnerabilidade que a levou a abandonar o filho.
No mês passado, no julgamento, segundo o Jornal de Notícias, Sara Furtado confessou que deitou o bebé num ecoponto não para se desfazer dele, mas com a intenção de que fosse encontrado, justificando o ato com a "vergonha" e o "medo" de ter um filho e viver na rua.