Alexey Navalny apareceu em tribunal através de uma videochamada, esta quinta-feira, para recorrer de uma condenação por difamação, na sua primeira aparição pública desde que entrou em greve de fome.
O ativista, crítico do Kremlin, foi preso em fevereiro, num caso separado por violação das condições de liberdade condicional.
Na altura, encontrava-se na Alemanha a recuperar de um envenenamento com o agente Novichok de grau militar da era soviética, quando foi acusado de violar a liberdade condicional. Navalny culpa o Kremlin pelo atentado à sua vida, algo que o governo russo tem negado repetidamente.
Navalny entrou em greve de fome a 31 de março para exigir cuidados médicos na prisão, mas terminou-a na semana passada quando finalmente lhe foi dada atenção médica.
Falou com a esposa, Yulia Navalnya, que estava fisicamente presente no tribunal, contando-lhe pormenores sobre o seu peso e o que comeu pela última vez.
Disse que foi levado para um balneário para que pudesse parecer "decente" para a sua audiência. "Olhei para mim próprio. Sou apenas um esqueleto horrível. Da última vez que pesei 72kg estava provavelmente no 7º ano", disse ele.
Navalny acrescentou que comia "quatro colheres de sopa de papas por dia, hoje cinco, amanhã comerei seis".
Na quinta-feira, o ativista iniciou um processo de recurso para ter a sua condenação por difamar um veterano da Segunda Guerra Mundial, Ignat Artemenko, de 94 anos, anulada. Navalny tinha feito comentários nos meios de comunicação social em junho, criticando um vídeo transmitido pelo canal de televisão estatal RT, no qual várias figuras proeminentes expressaram o seu apoio a alterações controversas à constituição russa. Artemenko encontrava-se entre esses apoiantes.
As alterações constitucionais, apoiadas num referendo de 1 de julho, abriram caminho para que o Presidente russo Vladimir Putin permanecesse no poder até 2036, apesar de governar o país há já duas décadas.