Humidade produzida pelas máscaras pode reduzir gravidade da doença
17-02-2021 - 21:44
 • Lusa

A conclusão pode ajudar a explicar a razão pela qual o uso de máscaras de proteção individual tem sido associado a uma menor gravidade da doença de pessoas infetadas pelo vírus SARS-CoV-2.

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Um estudo do National Institutes of Health (NIH), agência federal norte-americana de investigação médica, concluiu que a humidade gerada pela respiração dentro das máscaras pode ajudar a combater doenças respiratórias como a Covid-19.

Os resultados desta investigação, publicados no Biophysical Journal, indicam que o uso de máscaras de vários tipos aumenta substancialmente a humidade do ar inspirado por quem a usa e relaciona este dado com o facto já provado de que a hidratação do trato respiratório beneficia o sistema imunológico.

Segundo o estudo, esta conclusão pode ajudar a explicar a razão pela qual o uso de máscaras de proteção individual tem sido associado a uma menor gravidade da doença de pessoas infetadas pelo vírus SARS-CoV-2.

“Descobrimos que as máscaras aumentam fortemente a humidade do ar inalado e admitimos que a hidratação do trato respiratório daí resultante pode ser responsável pela descoberta já documentada que associa a menor gravidade da doença Covid-19 ao uso de máscara”, adianta Adriaan Bax, investigador do NIH e autor principal do estudo.

De acordo com o investigador, está demonstrado que níveis elevados de humidade “atenuam a gravidade da gripe”, o que pode ser aplicado à Covid-19 “através de um mecanismo semelhante”.

Na prática, os elevados níveis de humidade inalada podem limitar a propagação de um vírus aos pulmões, através de um mecanismo de defesa que remove o muco - e partículas potencialmente nocivas dentro do muco – desse órgão.

Além disso, uma elevada humidade pode também fortalecer o sistema imunológico, produzindo proteínas especiais, chamadas interferons, que lutam contra vírus - um processo conhecido como resposta de interferon.

O estudo analisou quatro tipos comuns de máscaras: uma máscara N95, uma máscara cirúrgica descartável de três camadas, uma máscara de algodão e poliéster de duas camadas e uma máscara de algodão pesado.

Os investigadores mediram o nível de humidade produzida pela respiração de uma pessoa com os diferentes tipos de máscara e chegaram à conclusão de que todas aumentaram o nível do ar inspirado, mas em graus variáveis.

Em temperaturas mais baixas, os efeitos humidificantes de todas as máscaras aumentaram com as várias máscaras, mas em todas as temperaturas ensaiadas a máscara de algodão grosso produziu um nível de humidade mais elevado.

“O aumento do nível de humidade é algo que a maioria dos utilizadores de máscaras provavelmente sentiu sem ser capaz de reconhecer que essa humidade pode realmente ser benéfica”, referiu Adriaan Bax.

O NIH, que integra 27 institutos e centros de pesquisa médica, faz parte do Departamento de Saúde dos EUA e desenvolve investigação sobre as causas, tratamento e cura de vários tipos de doença.

A pandemia de Covid-19 provocou, pelo menos, 2.419.730 mortos no mundo, resultantes de mais de 109,4 milhões de casos de infeção, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 15.649 pessoas dos 790.885 casos de infeção confirmados, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro de 2019, em Wuhan, uma cidade do centro da China.