Os autarcas do Alto Tâmega solicitaram à Direção-Geral da Saúde para que seja assegurada a possibilidade de realização de testes à Covid-19 nos centros de saúde dos concelhos da região.
A pretensão dos autarcas era a de ter na região um centro de diagnóstico, como forma de evitar a deslocação de eventuais pessoas infetadas, mas reconhecendo a falta de recursos de profissionais de saúde, consideram ser necessária “a criação de um centro de recolha em cada Centro de Saúde, que enviaria posteriormente as amostras para realização dos testes laboratoriais ao COVID-19.
A atual situação que se vive “será incomportável num muito curto espaço de tempo, porque implica a deslocação dos casos suspeitos até Chaves, para realização do teste à Covid-19, que depois envia as recolhas para Vila Real, para a realização do referido teste em laboratório”, afirma o presidente da Câmara de Boticas.
O autarca Fernando Queiroga chama a atenção para “a área do Alto Tâmega, muito extensa”, em que “a maioria da população é idosa e não tem meios próprios de mobilidade, acrescendo que neste momento, como medida de contenção, os transportes públicos estão todos suspensos”.
“O transporte das pessoas suspeitas de infeção por Covid-19 tem que ser feito pelas corporações de bombeiros, que estão a entrar numa situação de rutura, já que não dispõem de equipamentos de proteção individual suficientes para fazerem face às necessidades, pelo que a breve prazo terão mesmo que parar”, alerta.
O presidente da Câmara de Boticas considera que “para além dos centros de saúde poderem ser áreas de recolha, os serviços de enfermagem poderiam também fazer recolhas ao domicílio, nos casos de pacientes referenciados como suspeitos de infeção por Covid-19, uma medida que permitiria uma maior celeridade no diagnóstico e seria também uma barreira à propagação do contágio”.
O autarca reclama ainda “maior atenção para o Interior do País” e solicita às Autoridades de Saúde e ao Governo que “deixem de tentar passar pela chuva, como se não houvesse quaisquer problemas, acautelando as necessidades e dando resposta às preocupações destas regiões do Interior, onde também há pessoas que são portugueses por direito e merecem a mesma atenção do resto do país”.
Com a entrada de Portugal na fase de mitigação da crise pandémica da Covid-19, a direção do Agrupamento de Centros de Saúde do Alto Tâmega e Barroso (ACES) suspendeu temporariamente todas as extensões de centros de saúde dos concelhos do Alto Tâmega (Boticas, Chaves, Montalegre, Ribeira de Pena, Valpaços e Vila Pouca de Aguiar).
A decisão do ACES visa reforçar a capacidade de resposta dos serviços de saúde primários na identificação e encaminhamento precoce de casos suspeitos de Covid-19, assim como na separação de doentes para evitar possíveis contágios de utentes nas próprias instalações de saúde.
Cada centro de saúde passará a ter duas linhas de ação distintas, asseguradas por equipas de profissionais de saúde diferenciadas. Uma linha exclusivamente vocacionada e dedicada para atender doentes do foro respiratório, isto é, casos suspeitos de Covid-19 e outra linha dedicada às restantes situações.