A ativista paquistanesa dos direitos das mulheres Malala Yousafzai, sobrevivente em 2012 a um atentado dos talibãs paquistaneses, disse este domingo duvidar que a interdição das mulheres ao ensino secundário seja temporária no Afeganistão.
"Acredito que essa interdição (...), que eles dizem ser temporária não seja realmente temporária", disse à BBC a jovem de 24 anos, prémio Nobel da Paz em 2014 e defensora mundial do direito à educação das mulheres, sobre as afirmações dos talibãs no poder em Cabul.
Malala Yousafzai lembrou uma promessa similar feita pelos talibãs quanto a uma paragem temporária da escolarização das mulheres em 1996, explicando que "essa interdição durou cinco anos".
As escolas secundárias no Afeganistão reabriram para os rapazes e para os professores homens, mas as raparigas ainda não estão autorizadas a prosseguir os cursos e as professoras a dá-los.
Os talibãs prometeram que as mulheres podem regressar à escola secundária, uma vez assegurada a sua "segurança" e uma segregação maior entre os géneros, mas muitas continuam a duvidar das reais intenções.
"Apelamos aos talibãs a permitir imediatamente às mulheres o acesso a uma educação completa, apelamos aos dirigentes do G20 e a outros dirigentes mundiais a assegurar que os direitos das mulheres sejam protegidos no Afeganistão", disse Malala.
A ativista sublinhou ainda que o que defende não é um "privilégio", mas sim os "direitos humanos fundamentais que cada mulher e cada menina devem ter".
Malala Yousafzai escapou em 2012 a um atentado cometido pelos talibãs paquistaneses, um grupo ideologicamente próximo dos talibãs afegãos, mas distinto.
Os jiadistas do Tehreek-e-Taliban Paquistão (TTP) tinham atacado o carro escolar que ia buscar Malala a casa, na região de Swat (noroeste do Paquistão), e dispararam uma bala que a atingiu na cabeça.
Malala, hoje com 24 anos, tornou-se uma referência mundial dos direitos das mulheres à educação, e atualmente vive no Reino Unido, tendo-se casado na quarta-feira em Birmingham, no centro de Inglaterra.