O Papa Francisco anunciou esta quinta-feira que vai criar uma comissão para estudar o diaconado feminino na Igreja primitiva e assim esclarecer se será possível, ou não, ordenar diaconisas na Igreja Católica actual.

Numa audiência com a União Internacional de Superiores-gerais de ordens religiosas femininas, o Papa respondeu afirmativamente ao pedido de uma das representantes no sentido de reabrir o debate sobre diaconisas.

“Criar uma comissão oficial para estudar a questão? Acredito que sim. Seria bom para a Igreja clarificar este ponto. Estou de acordo, farei algo sobre isto”, disse o Papa Francisco, de improviso, depois do pedido feito pelas freiras e citado pelo National Catholic Reporter.

Mais tarde Francisco reafirmou esta sua vontade dizendo que lhe parece útil que “uma comissão clarifique bem esta questão".

A criação de uma comissão para estudar o assunto não deve ser confundido com uma simples luz verde para a possibilidade de ordenar diaconisas na Igreja Católica, nem se pode dizer que esta seja a primeira vez que Roma se debruça sobre o assunto.

Existem referências históricas e até bíblicas a diaconisas na Igreja primitiva, mas não é claro qual era a natureza do seu ministério. Em 2002 uma comissão do Vaticano analisou o assunto, questionando se no caso das diaconisas dos primeiros séculos o termo implicava uma ordenação sacramental, ou se era apenas um termo usado para designar mulheres com um ministério particular, mas não ordenado, na Igreja. Esta parece ser o entendimento do Papa, que disse às freiras que tanto quanto sabia as diaconisas na Igreja primitiva não era ordenadas mas existiam para ajudar no baptismo e na unção de mulheres, segundo a "Catholic News Service".

Essa comissão não chegou a qualquer conclusão definitiva e é possível que, sem novas provas, uma nova comissão também não chegue.

Segundo a teologia católica existem três graus para o sacramento da ordem: o diaconato, o sacerdócio e o episcopado. Mesmo que se conclua que o diaconato feminino é uma possibilidade de acordo com a tradição, os mais recentes Papas, incluindo Francisco, rejeitaram a possibilidade de ordenação sacerdotal – e por isso também episcopal – de mulheres. João Paulo II declarou em 1994 que a Igreja não tem autoridade para mudar a tradição neste sentido.

Os diáconos podem exercer algumas funções dentro da Igreja, incluindo a pregação e presidindo a celebrações da Palavra, baptismos, casamentos ou enterros, mas não podem administrar o sacramento da confissão nem a unção dos doentes, nem celebrar missa.

Uma vez que as declarações do Papa foram feitas de improviso, não existe ainda qualquer indicação de prazos ou de constituição da comissão que ele pretende criar.

[Notícia actualizada às 16h47]