Três milhões de pessoas já fugiram da crise económica e política que se vive na Venezula, de acordo com dados apresentados esta quinta-feira pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR). A agência da ONU diz que este é o valor mais elevado desde 2015.
O êxodo dos últimos meses, provocado pela violência, a elevada inflação e a falta de alimentos e medicamentos, já representa cerca de 12% da população de todo o país. Segundo o alto comissário William Spindler, esta fuga em massa de cidadãos agravou-se nos últimos seis meses. A mesma crise já motivou o regresso a Portugal de 7 mil cidadãos que até agora viviam na Venezuela.
Em setembro, e também de acordo com cálculos do ACNUR, 2,6 milhões de venezuelanos já tinham emigrado para países vizinhos, como a Colômbia, o Peru, o Brasil e o Equador. "O maior aumento continua a registar-se na Colômbia e no Peru", avançou Spindler hoje.
Na Colômbia, onde um milhão de venezuelanos já procuraram abrigo, calcula-se que haja três mil pessoas a chegar ao país por dia, com o Governo de Bogotá a apontar que mais quatro milhões de venezuelanos poderão mudar-se para o país até 2021. A confirmar-se, tal vai envolver encargos a rondar os nove milhões de dólares americanos, aponta o Executivo colombiano.
A Venezuela está mergulhada numa profunda crise económica e social sob o Governo do Presidente Nicolás Maduro, que continua a desmentir as "notícias falsas" sobre a fuga em massa de venezuelanos, dizendo que estas servem para a intervenção de potências estrangeiras no país.
A Organização Internacional para as Migrações (OIM) e o ACNUR já alertaram que este êxodo está a criar tensões nos países vizinhos, especialmente na Colômbia.
"Países na América Latina e no Caribe estão a manter uma recomendada política de portas abertas", disse Eduardo Stein, representanto conjunto do ACNUR e da OIM na Venezuela. "No entanto, a sua capacidade de receção está sob muita pressão, precisam de uma resposta mais robusta e imediata por parte da comunidade internacional", pediu Stein.
Os Governos da região vão encontrar-se em Quito, no Equador, entre os dias 22 e 23 de novembro, para coordenar esforços e ajuda humanitária à Venezuela.