O presidente do Conselho Europeu, Donald Tusk, criticou esta quarta-feira todos aqueles que promoveram o Brexit sem um plano para garantir uma saída "segura" do Reino Unido da União Europeia, dizendo que têm à sua espera um "lugar especial no inferno".
Num discurso particularmente duro, proferido em Bruxelas após uma reunião com o primeiro-ministro da Irlanda, Tusk dirigiu críticas aos "responsáveis" pela saída do Reino Unido do bloco comunitário, saída essa que continua envolta em incógnitas após o chumbo do acordo de saída no Parlamento britânico - isto numa altura em que faltam menos de dois meses para ela ser efetivada, a 29 de março.
"Tenho-me questionado como será o lugar especial no inferno que está reservado àqueles que promoveram o Brexit sem terem sequer um esboço de um plano para realizá-lo em segurança", declarou o presidente do Conselho Europeu.
Esse mesmo comentário foi imediatamente partilhado na sua página oficial de Twitter após a conferência de imprensa ao lado de Leo Varadkar.
No final da conferência de imprensa, os microfones captaram Varadkar a segredar a Tusk: "Vai ser muito criticado na imprensa britânica pelo que disse." Tusk anuiu e riram-se ambos.
Reagindo aos comentários do líder do Conselho Europeu, o eurodeputado Nigel Farage, ex-dirigente do partido eurocético UKIP e um dos grandes defensores do Brexit, escreveu no Twitter: "Depois do Brexit vamos ver-nos livres de 'bullies' arrogantes e não-eleitos como você [Tusk] e vamos gerir o nosso próprio país. A mim soa-me mais ao paraíso."
A reunião de Tusk e Varadkar aconteceu um dia antes de a primeira-ministra do Reino Unido, Theresa May, voltar a Bruxelas para se encontrar com o presidente da Comissão Europeia, Jean-Claude Juncker.
May continua a tentar renegociar a solução 'backstop' para a fronteira da Irlanda com a Irlanda do Norte. Bruxelas já fez saber que nenhum dos pontos do acordo de saída é renegociável.