O presidente da CIP (Confederação Empresarial de Portugal), António Saraiva, defende que o próximo governo tem de ser reformista, e que a estabilidade não pode ser um fim em si mesma. As condições, considera, são as ideais com um partido que terá uma maioria para governar.
Em declarações à Renascença, Saraiva “tão importante quanto a estabilidade” social e política, “o próximo governo não pode deixar de ser reformista”.
António Saraiva enumera as reformas que considera serem necessárias: uma previsibilidade fiscal amiga do investimento e que atraia mais e melhor investimento; melhor justiça económica, maior eficiência da administração pública com redução da despesa que permita avançar com a reforma fiscal.
A maioria absoluta dá a possibilidade e a responsabilidade ao PS, segundo Saraiva, de promover as reformas que anteriormente estava mais condicionado “porque estava refém dos dois partidos à esquerda”.
Se os quatro anos de maioria absoluta vão ser positivos ou negativos, na opinião do patrão dos patrões, só o futuro mostrará. “A nossa expetativa e o nosso desejo é que esta maioria absoluta do Partido Socialista crie condições com este novo ciclo político que agora se inicie, dê início a um novo ciclo económico”, defende.
Se a situação no Parlamento retira ao PS a necessidade de diálogo com o PSD, que chegou a ser aflorada na campanha, o líder da CIP diz que essa questão não se deveria colocar e que o país ultrapassar os desafios que têm de ser vencidos, como a transição climática, a transição digital, a política fiscal obriga a que essas negociações existam.
“Há hoje exigências que fazom com que qualquer governo promova essas reformas. Independentemente de ser com maior absoluta ou maioria relativa”, considera.
Para o empresário sair do crescimento anémico que Portugal viveu nos últimos 20 anos “é um desidrato que qualquer partido devia seguir”. “O PS está agora mais liberto da necessidade de validar isso em termos de parlamento”, rematou.
Em relação a António Costa, Saraiva afirma que ainda não falou com ele depois de ser eleito, mas que há duas semanas teve um encontro com o líder socialista “onde ficou assente de que revisitaríamos em sede de concertação social um acordo de competitividade e rendimentos em sede de concertação”.