Os sindicatos franceses cumpriram esta terça-feira mais uma jornada de greve geral, contabilizando cerca de 2 milhões de pessoas em manifestações em diferentes cidades do país, e mostraram-se prontos a endurecer protestos contra a reforma do sistema de pensões.
"Se o Governo insistir [na reforma], apesar das nossas mobilizações, vamos ter sim de passar à velocidade máxima com ações com maior relevâncias, mais longas, greves mais duras, mais numerosas, mais maciças", disse aos jornalistas Philippe Martinez, delegado-geral da CGT, uma das maiores centrais sindicais francesas, na manifestação que decorreu em Paris.
A manifestação em Paris foi a maior no país, com os sindicatos a defenderem que participaram cerca de 400 mil pessoas. Neste cortejo pela capital participou também Laurent Berger, líder da CFDT, a maior central sindical de França, que defendeu que o movimento "tem de se amplificar" para ser ouvido pelo Governo.
Ao mesmo tempo que decorria a manifestação, a Assembleia Nacional continuava a discutir a reforma do Governo e as alterações apresentadas pela oposição. O primeiro artigo do documento foi aprovado hoje com uma margem muito curta, com 246 votos a favor e 229 votos contra, mostrando a fragilidade da maioria relativa do partido de Emmanuel Macron.
No hemiciclo, a primeira-ministra Elisabeth Borne acusou esta tarde a oposição de "negar a realidade" e também a demografia, garantindo que continua aberta a mudar esta reforma caso os partidos estejam dispostos a negociar. Há mais de 20 mil alterações apresentadas pela oposição que devem ser discutidas nas próximas duas semanas.
Os protestos chegaram à Assembleia Nacional, mas em forma de uma ação mais radical com a organização Attac France, que se opõem a esta reforma, a pintar nas portas do edifício "60 anos", a idade reivindicada pela esquerda para a reforma.
A idade de reforma está atualmente nos 62 anos, mas deverá passar com esta reforma a 64 anos. A estátua que simboliza "A Lei", junto da Assembleia Nacional, também foi vandalizada.
Na quarta-feira, a greve continua pelo menos entre os trabalhadores dos caminhos-de-ferro, com vários comboios a terem sido suprimidos. Já para sábado, dia 11 de fevereiro, está prevista uma nova manifestação, mas sem convocação de greve geral.