A associação ambientalista Zero defendeu nesta segunda-feira uma "avaliação séria" de responsabilidades da autorização e construção em zonas de risco que, em situações de mau tempo, afetam populações e habitações e exigiu ações corretivas.
"A situação vivida nos últimos dias deixou muito claro que o país não está preparado para prevenir e lidar com situações meteorológicas excecionais, próprias das alterações climáticas", alertou a Zero, lembrando a destruição de praias e inundação de zonas ribeirinhas no litoral e as cheias e deslizamento de terras registadas no interior e no leito de rios.
O mau tempo, que se faz sentir desde a passada quarta-feira, provocou dois mortos, um desaparecido e deixou 144 pessoas desalojadas. Por precaução, outras 352 pessoas estão deslocadas de suas casas e já se registaram mais de 11.600 ocorrências, na maioria inundações e quedas de árvores.
Para os ambientalistas, este é o resultado de "erros de ordenamento do território", defendem em comunicado.
A Zero defende que é preciso fazer "uma avaliação séria de responsabilidades", referindo-se ao trabalho realizado pelas autarquias e Ministério do Ambiente e Ação Climática, em especial a Agência Portuguesa do Ambiente.
Os ambientalistas apontam ainda o dedo aos "muitos planos diretores municipais" que "mesmo em anos recentes, deixaram construir em zonas de risco, implicando eventualmente a relocalização de habitações e de outras infraestruturas".
A associação defendeu ainda a necessidade de reavaliar os Planos de Gestão dos Riscos de Inundações e uma melhor implementação do Plano de Ação Litoral XXI.
Em comunicado lembram que é preciso avaliar o impacte de obras recentes de desassoreamento do rio Mondego, "da incapacidade de gestão das bacias hidrográficas e da manutenção de obras (diques), da incapacidade de infiltração nas zonas afetadas por incêndios nos últimos anos".
A Zero considera também que é preciso desenvolver planos de adaptação às alterações climáticas à escala local e metropolitana, que sejam postos em prática.
O mau tempo, provocado pela depressão Elsa, entre quarta e sexta-feira, a que se juntou no sábado a depressão Fabien, provocou mortos, feridos e desalojados, mas também condicionamentos na circulação rodoviária e ferroviária, bem como danos na rede elétrica, afetando a distribuição de energia a milhares de pessoas, em especial na região Centro.
Segundo um balanço feito esta manhã pela Autoridade Nacional de Proteção Civil, o distrito de Coimbra é o mais preocupante, mas o número de ocorrências tem "baixado significativamente", esperando-se a redução do caudal do rio Mondego nos próximos dias.